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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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agricultura de peque<strong>na</strong> escala, engendra<strong>do</strong> algumas mudanças <strong>em</strong> suas concepções e nos<br />

seus mo<strong>do</strong>s de impl<strong>em</strong>entação.<br />

Os vínculos pontuais com as administrações locais aproximaram a Rede da<br />

institucio<strong>na</strong>lidade pública, o que foi colocan<strong>do</strong> <strong>em</strong> questão o caráter anti-Esta<strong>do</strong> e o seu<br />

papel <strong>na</strong> construção da dimensão utópica <strong>do</strong> movimento pela agricultura alter<strong>na</strong>tiva.<br />

Quanto ao processo de constante re-concepção da proposta, a busca por alter<strong>na</strong>tivas à<br />

agricultura convencio<strong>na</strong>l ganhou uma outra dimensão com a incorporação <strong>do</strong> discurso<br />

da agroecologia e a aplicação de méto<strong>do</strong>s de diagnóstico rural e análise de sist<strong>em</strong>as de<br />

produção. Para a Rede de ONGs coorde<strong>na</strong>da pelo PTA, o referencial da agroecologia<br />

trazia um a possibilidade de elaboração de um outro discurso de legitimação, com maior<br />

poder de reconhecimento no campo científico, o que fazia a proposta adentrar outros<br />

campos de negociação e disputa.<br />

Esta mudança no discurso de legitimação da proposta parecia coerente com a<br />

gradual incorporação, pelas ONGs da Rede liderada pela PTA-FASE, <strong>do</strong>s estudantes e<br />

profissio<strong>na</strong>is que fizeram parte <strong>do</strong>s movimentos ambientalista e estudantil que, nos anos<br />

80, denunciaram as conseqüências da modernização <strong>do</strong> agro e clamaram por alter<strong>na</strong>tivas<br />

para os pequenos produtores. Deste mo<strong>do</strong>, <strong>na</strong> base de sustentação <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s e<br />

orientações simbólicas compartilhadas pela Rede, chegam os militantes de orig<strong>em</strong><br />

acadêmica para conviver com os “militantes imbuí<strong>do</strong>s da cultura católica de esquerda<br />

<strong>do</strong>s anos 80” (ABRAMOVAY, 2000). Neste con<strong>texto</strong>, a legitimidade <strong>do</strong> discurso<br />

científico da agroecologia ganhou força aparentava ter um maior poder de afirmação de<br />

um consenso, entre os acadêmicos e gestores públicos, a respeito da formulação de<br />

alter<strong>na</strong>tivas para a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> ao caráter<br />

político-organizativo, basea<strong>do</strong> <strong>na</strong> postura anti-Esta<strong>do</strong>, e a dimensão utópica que<br />

construíram a identidade <strong>do</strong> PTA-FASE e da Rede PTA desde seu início até a criação<br />

da AS-PTA.<br />

As mudanças também respondiam à crescente difusão e incorporação por<br />

diversos atores <strong>do</strong>s t<strong>em</strong>as e das preocupações que motivaram o surgimento e a ação <strong>do</strong><br />

PTA. Cada vez mais, agentes fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong>res, entidades e organizações, públicas e<br />

privadas, discursavam sobre a necessidade de práticas agrícolas ambientalmente<br />

sustentáveis e agiam <strong>em</strong> busca de alter<strong>na</strong>tivas para a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong>s<br />

segmentos mais pobres <strong>do</strong> campo. A agricultura familiar tornou-se objeto de pesquisa e<br />

de intervenção de um número crescente de atores. A agricultura alter<strong>na</strong>tiva e a<br />

agroecologia, por sua vez, deixaram de ser t<strong>em</strong>as restritos ao campo das ONGs que<br />

trabalhavam <strong>na</strong> perspectiva de gerar processos de desenvolvimento rural. Nas agências<br />

gover<strong>na</strong>mentais, principalmente <strong>na</strong>s dedicadas à extensão rural, a idealização das ações<br />

era cada vez mais pautada por t<strong>em</strong>as ambientais e pela necessidade de gerar processos<br />

mais participativos outrora tão peculiares (e quase restritos) às ações das ONGs de<br />

desenvolvimento (TENDLER, 1998). No campo das próprias ONGs, a valorização da<br />

agricultura orgânica e <strong>do</strong>s produtos “livres de agrotóxicos” e a construção de merca<strong>do</strong>s<br />

e formas de comercialização específicos para os seus produtos começou a ganhar força,<br />

trazen<strong>do</strong> à ce<strong>na</strong> outros apelos relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à promoção de alter<strong>na</strong>tivas à agricultura<br />

familiar (BRANDEMBURG, 2002).<br />

Neste con<strong>texto</strong>, o projeto de transformação social defendi<strong>do</strong> pela AS-PTA<br />

ganhou novo senti<strong>do</strong> com a incorporação da agroecologia. A tentativa era, mais uma<br />

vez <strong>em</strong> sua trajetória, estabelecer o seu lugar, d<strong>em</strong>arcan<strong>do</strong> diferenças <strong>em</strong> relação à<br />

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