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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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que fosse incorporada a experiência <strong>do</strong>s bancos de s<strong>em</strong>entes comunitários, tanto seus<br />

referenciais técnicos e meto<strong>do</strong>lógicos quanto os princípios agroecológicos que foram a<br />

sua base. Esta articulação das organizações que representam certos interesses <strong>do</strong>s<br />

agricultores familiares chama a atenção para o exercício <strong>do</strong> poder estruturante de<br />

determi<strong>na</strong>das ações locais que buscam modificar, a começar pelos estilos individuais de<br />

interação, os mo<strong>do</strong>s de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento da agricultura por meio da<br />

cronstrução de novas institucio<strong>na</strong>lidades.<br />

As experiências <strong>do</strong>s programas de desenvolvimento local no Paraná e <strong>na</strong> Paraíba<br />

apontam para duas dimensões da ação da AS-PTA <strong>em</strong> relação ao tipo de mudança que<br />

sua proposta tenta instituir <strong>na</strong>s realidades <strong>em</strong> que interv<strong>em</strong>. Por um la<strong>do</strong>, suas ações<br />

procuram afirmar a “lógica expressiva” 118 que fundamenta esta proposta, angarian<strong>do</strong><br />

adeptos, construin<strong>do</strong> redes sociais de solidariedade e fortalecen<strong>do</strong> um tipo de mudança<br />

social cujo caráter principal seria o fomento da autonomia <strong>do</strong>s agricultores <strong>em</strong> relação<br />

aos merca<strong>do</strong>s e ao Esta<strong>do</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, sua ação volta-se ao mesmo Esta<strong>do</strong>,<br />

reivindican<strong>do</strong> dele um outro tipo de atitude quanto ao fornecimento de políticas públicas<br />

que garantam a realização <strong>do</strong> projeto de mudança social que defende.<br />

A afirmação desta lógica expressiva e o fortalecimento de sua própria identidade<br />

organizacio<strong>na</strong>l ocorr<strong>em</strong> por meio da difusão de novos princípios, valores e estilos<br />

atribuí<strong>do</strong>s aos processos de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. Neste senti<strong>do</strong>, a AS-PTA<br />

compreende que os agricultores, eles próprios e suas organizações, dev<strong>em</strong> ser os<br />

verdadeiros sujeitos da construção de novos processos locais de incr<strong>em</strong>ento de suas<br />

condições de vida e de produção. Seus conhecimentos e seus valores culturais são<br />

imagi<strong>na</strong><strong>do</strong>s como aqueles que mais se aproximam <strong>do</strong> ideal de uso racio<strong>na</strong>l e equilibra<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais, requeri<strong>do</strong>s pela prática agrícola que queira ser ambientalmente<br />

sustentável. Assim, um tipo de discurso ambientalista, reelabora<strong>do</strong> por meio da<br />

agroecologia, cimenta os objetivos mais amplos de um movimento social <strong>em</strong> prol de um<br />

novo estilo de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural. Este discurso chama a atenção para<br />

a necessidade de criação de novas relações entre os agricultores e a <strong>na</strong>tureza que, ao<br />

negar o processo de modernização de suas práticas, busca resgatar processos e técnicas<br />

qualificadas de regenerativas. Estas técnicas tradicio<strong>na</strong>is, reincorporadas aos sist<strong>em</strong>as<br />

de produção, seriam avaliadas e adaptadas, pelos próprios agricultores com o auxílio<br />

<strong>do</strong>s técnicos, para que, uma vez melhoradas e agregadas a inovações introduzidas,<br />

possam fundamentar a difusão da ética de uma convivência mais harmoniosa entre as<br />

tecnologias agrícolas e o meio ambiente.<br />

Esta ética parece ainda estar distante <strong>do</strong>s interesses que reg<strong>em</strong> as lógicas <strong>do</strong>s<br />

merca<strong>do</strong>s. Assim, o que está <strong>em</strong> jogo, neste caso, não é capacidade econômica de<br />

geração de renda permitida pelas inovações tecnológicas introduzidas nos sist<strong>em</strong>as de<br />

produção, mas o potencial que elas possam ter para gerar novas d<strong>em</strong>andas públicas.<br />

Descartada a importância <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s, é o Esta<strong>do</strong> que aparece como o ente que dará<br />

suporte à realização <strong>do</strong> projeto de mudança defendi<strong>do</strong> pela AS-PTA. Afi<strong>na</strong>l, o próprio<br />

118 STOMPKA (1998, p.447) argumenta que a ação <strong>do</strong>s movimentos sociais pode apresentar duas lógicas distintas<br />

<strong>em</strong> relação à estratégia ou à lógica subjacente que a fundamenta. Pode ser uma lógica meramente instrumental, ou<br />

seja, o movimento luta para conquistar o poder político e por meio dele impor as mudanças pretendidas <strong>na</strong>s leis,<br />

instituições e organização da sociedade e, por outro la<strong>do</strong>, pode ser uma lógica expressiva. Neste caso, os<br />

movimentos sociais lutam para afirmar a sua identidade, “para obter aceitação para os seus valores ou mo<strong>do</strong>s de<br />

vida, para alcançar autonomia, direitos legais ou <strong>em</strong>ancipação cultural e política para seus m<strong>em</strong>bros e<br />

simpatizantes”.<br />

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