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econômico e suas relações com o uso <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais. Suas recomendações se<br />

referiam à tentativa de forjar estratégias supra<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de preservação <strong>do</strong>s ecossist<strong>em</strong>as<br />

(VARGAS, 1997). O argumento principal era que o desenvolvimento deveria estar<br />

volta<strong>do</strong> à “satisfação das necessidades da geração presente s<strong>em</strong> comprometer a<br />

capacidade das gerações futuras para satisfazer suas próprias necessidades” (GUZMÁN,<br />

1997, p.21). O seu diagnóstico político referendava a tese <strong>do</strong> “Relatório global ano<br />

2000”: probl<strong>em</strong>as globais d<strong>em</strong>andam esforços mundiais para a sua solução.<br />

O conceito de sustentabilidade difundi<strong>do</strong> pelo “Relatório Brundtland” projetava<br />

três dimensões fundamentais para a formulação de políticas de reformas institucio<strong>na</strong>is: a<br />

ambiental, a social e a econômica. A ambiental apontava tanto para a preservação<br />

quanto para um uso mais racio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais. A dimensão social estava<br />

preocupada com a qualidade de vida das populações, associan<strong>do</strong>-se à noção de<br />

desenvolvimento humano, que posteriormente seria amplamente difundida pela ONU. A<br />

dimensão econômica, por fim, propunha rever a lógica <strong>do</strong> crescimento econômico,<br />

limitan<strong>do</strong>-o à consideração da distribuição da riqueza e à racio<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s<br />

recursos <strong>na</strong>turais. Para tanto, foram feitas várias recomendações de ações para os<br />

governos, tais como limitar o crescimento populacio<strong>na</strong>l, garantir a segurança alimentar<br />

das populações <strong>em</strong> longo prazo, preservar a biodiversidades <strong>do</strong>s ecossist<strong>em</strong>as,<br />

desenvolver tecnologias mais baratas e baseadas <strong>em</strong> fontes de energia renováveis,<br />

limitar a produção industrial a determi<strong>na</strong>ntes ecológicos e satisfazer as necessidades<br />

básicas das populações mais pobres. De um mo<strong>do</strong> geral, estas propostas apresentavam,<br />

com forte acento diplomático, uma continuidade com aquelas difundidas, desde os anos<br />

50, tanto pelos estu<strong>do</strong>s ambientalistas quanto pelas contribuições trazidas pelos teóricos<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento. No entanto, como argumenta VARGAS (1997, p.118):<br />

(...) uma advertência se faz necessária, <strong>na</strong> medida <strong>em</strong> que dedica um espaço bastante<br />

diminuto à crítica à sociedade industrial e aos países industrializa<strong>do</strong>s, não toca <strong>na</strong> questão<br />

da propriedade da terra que envolve os grandes latifúndios improdutivos (principalmente<br />

nos países <strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong>) e, ainda, tor<strong>na</strong> a superação <strong>do</strong> subdesenvolvimento <strong>do</strong>s<br />

países <strong>do</strong> h<strong>em</strong>isfério sul quase que totalmente dependente <strong>do</strong> crescimento continua<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

países industrializa<strong>do</strong>s.<br />

Para LEIS (1999, p.151), consideran<strong>do</strong> a dimensão ambiental <strong>do</strong> debate sobre o<br />

desenvolvimento, o principal mérito <strong>do</strong> “Relatório Brundtland”, ao relativizar o<br />

radicalismo das propostas que o antecederam, foi ter trazi<strong>do</strong> a este debate uma<br />

importante contribuição ética. Ao propor o conceito de desenvolvimento sustentável ele<br />

rompia com uma postura antropocêntrica, que “assumia o ser humano como centro de<br />

todas as coisas”, substituin<strong>do</strong>-a pela consideração da relação deste com a <strong>na</strong>tureza. Este<br />

apelo ético a uma “responsabilidade entre gerações para com a <strong>na</strong>tureza” e o<br />

deslocamento da crítica radical à sociedade industrial, teriam determi<strong>na</strong><strong>do</strong> uma rápida e<br />

ampla aceitação <strong>do</strong> termo.<br />

Para obter uma perspectiva realista que não negue o crescimento econômico (como <strong>na</strong><br />

década anterior), os autores <strong>do</strong> relatório uniram inextricavelmente desenvolvimento e meio<br />

ambiente. Conseguiram assim amplas bases de consenso para a causa ambientalista e<br />

legitimaram, impensadamente, o acesso a considerações éticas no cenário da política<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (LEIS, 1999, p.152).<br />

De acor<strong>do</strong> com a visão sobre o desenvolvimento difundida <strong>em</strong> “Nosso Futuro<br />

Comum”, o progresso material, construí<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong> crescimento econômico, seria<br />

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