Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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as lideranças sindicais se mostravam interessadas <strong>em</strong> ter um caráter mais propositivo <strong>em</strong><br />
relação à promoção <strong>do</strong> desenvolvimento da agricultura, amplian<strong>do</strong> sua ação para além<br />
de práticas assistencialistas. Esta intenção coincidia com o desejo da AS-PTA de chegar<br />
aos agricultores por meio de suas entidades representativas e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, ter uma<br />
base estrutural mais capilarizada para diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>r sua proposta. WEID (2003, p.3) explica<br />
da seguinte maneira a importância <strong>do</strong>s sindicatos para a introdução da proposta:<br />
Em uma região com tão alta mobilidade de população e enormes dificuldades materiais<br />
devidas à generalizada pobreza os níveis de organização social são relativamente altos para<br />
os padrões <strong>do</strong> sertão nordestino. A participação <strong>do</strong>s STRs [sindicatos de trabalha<strong>do</strong>res<br />
rurais], <strong>em</strong>bora motivada principalmente pela dinâmica de acesso à aposenta<strong>do</strong>ria alcança<br />
quase 50% <strong>do</strong> público. Nas comunidades exist<strong>em</strong> organizações mais ou menos incipientes<br />
originárias <strong>do</strong>s programas públicos de apoio à “peque<strong>na</strong> produção”. (...) estas Associações<br />
Comunitárias reún<strong>em</strong> metade das famílias da comunidade e mantém atividades regulares<br />
articuladas com a ação <strong>do</strong>s STRs. A fragilidade destas formas organizativas é marcante.<br />
Freqüent<strong>em</strong>ente elas depend<strong>em</strong> de uma direção mais ativa e por vezes autoritária e<br />
pater<strong>na</strong>lista que deixa pouca marg<strong>em</strong> para uma participação mais dinâmica <strong>do</strong> conjunto.<br />
Apesar de to<strong>do</strong>s estes probl<strong>em</strong>as esta base organizativa foi essencial para a operação <strong>do</strong><br />
projeto da AS-PTA que s<strong>em</strong>pre procurou di<strong>na</strong>mizá-las <strong>na</strong>s suas atividades.<br />
O diagnóstico prévio indicava que as organizações locais tinham pouca<br />
autonomia política, muitas vezes agiam de acor<strong>do</strong> com interesses <strong>do</strong>s políticos locais.<br />
Estes geralmente construíam relações clientelistas, traziam benefícios pontuais para as<br />
comunidades <strong>em</strong> troca de votos para a sua eleição (SABOURIN & ALMEIDA, 1999). Este<br />
quadro era agrava<strong>do</strong> pela relativa ausência de intervenção das instituições públicas <strong>em</strong><br />
assuntos relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. Embora houvesse d<strong>em</strong>anda <strong>do</strong>s<br />
agricultores por soluções e inovações técnicas que minorass<strong>em</strong> suas condições adversas,<br />
as instituições políticas locais e as instituições públicas de pesquisa, ensino e extensão<br />
rural não desenvolviam ações <strong>em</strong> resposta aos probl<strong>em</strong>as enfrenta<strong>do</strong>s pelos agricultores.<br />
Em uma pesquisa que resgatou a trajetória das ações de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
no município de Solânea, SABOURIN (2001, p.41) identificou que, de 60 inovações<br />
técnicas introduzidas entre 1965 e 2000, ape<strong>na</strong>s cinco haviam si<strong>do</strong> impl<strong>em</strong>entadas pela<br />
extensão rural pública e uma pela “ação <strong>do</strong>s legisla<strong>do</strong>res locais”. Por outro la<strong>do</strong>, quinze<br />
dessas inovações estavam relacio<strong>na</strong>das ao trabalho recente da AS-PTA. 115 Antes de sua<br />
chegada à região, portanto, o ritmo de introdução de inovações era muito lento,<br />
principalmente se considerarmos as d<strong>em</strong>andas geradas pelas adversidades que os<br />
agricultores viviam. Ad<strong>em</strong>ais, a maioria das inovações havia si<strong>do</strong> introduzida pelos<br />
próprios agricultores. Por um la<strong>do</strong>, este fato d<strong>em</strong>onstra a sua capacidade criativa para<br />
desenvolver novas práticas, contrarian<strong>do</strong> determi<strong>na</strong>das concepções que os imagi<strong>na</strong><br />
como i<strong>na</strong>ptos a esta tarefa. Por outro la<strong>do</strong>, estas inovações ocorriam <strong>em</strong> processos<br />
isola<strong>do</strong>s, referi<strong>do</strong>s a sist<strong>em</strong>as de cultivo ou criação específicos e, por isso,<br />
desconecta<strong>do</strong>s de uma intenção coletiva de mudança.<br />
Diante deste quadro, a intervenção da AS-PTA iniciou com a construção de<br />
diagnósticos participativos ao longo de 1993. A primeira constatação foi a respeito da<br />
diversidade climática e agroecológica <strong>do</strong> Agreste Paraibano, região <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> onde se<br />
115 O autor explica que, destas inovações, cinqüenta eram técnicas agropecuárias e dez eram técnicas mais gerais.<br />
O resulta<strong>do</strong> da pesquisa indicou que os “vetores” das inovações foram os seguintes: “A maioria dessas propostas<br />
(28) era oriunda, adaptada ou transmitida localmente pelos agricultores. Em segun<strong>do</strong> lugar, 15 estavam ligadas à<br />
intervenção recente da AS-PTA. Em seguida apareciam, entre os vetores, os comerciantes (7); os projetos<br />
especiais via bancos (6); a extensão rural pública EMATER/ANCAR (5); a Igreja (4) e a ação <strong>do</strong>s legisla<strong>do</strong>res<br />
locais (1)”.<br />
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