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iniciativas da sociedade civil de forma autônoma ou <strong>em</strong> articulação com os poderes<br />

locais. 121<br />

Para a AS-PTA, o ENA representava um momento de articulação política para<br />

ampliar sua proposta, para que a agroecologia extrapolasse os limites da Rede PTA.<br />

Assim, ele deveria “favorecer aproximações ‘para fora’, ao envolver diferentes atores<br />

sociais e políticos potencialmente estratégicos <strong>na</strong> construção de uma alter<strong>na</strong>tiva global<br />

para a agricultura brasileira” (AS-PTA, 2001, p.18). A possibilidade de um governo<br />

lidera<strong>do</strong> pelo Parti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res animava este processo. Afi<strong>na</strong>l, no Rio Grande<br />

<strong>do</strong> Sul, o governo petista de Olívio Dutra (1999-2002) havia prioriza<strong>do</strong> a estratégia<br />

agroecológica de desenvolvimento para a agricultura familiar, contratan<strong>do</strong> vários<br />

técnicos de ONGs da Rede PTA. Neste con<strong>texto</strong>, a construção de parcerias com o<br />

Esta<strong>do</strong> (<strong>em</strong> seus diversos níveis) era considera<strong>do</strong> um passo estratégico importante para a<br />

proposta da AS-PTA por três razões principais e inter-relacio<strong>na</strong>das.<br />

Em primeiro lugar, a maior inserção da AS-PTA nos con<strong>texto</strong>s locais, a partir da<br />

impl<strong>em</strong>entação <strong>do</strong>s programas de desenvolvimento no início <strong>do</strong>s 90, não significou a<br />

construção de relações mais estáveis com as institucio<strong>na</strong>lidades públicas e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, pouco influenciou <strong>na</strong> garantia de melhores condições estruturais e<br />

políticas para o des<strong>do</strong>bramento <strong>do</strong>s projetos. Estes encontros e parcerias dependeram<br />

basicamente de contatos e afinidades pessoais e da orientação política <strong>do</strong>s gover<strong>na</strong>ntes<br />

<strong>do</strong> momento, caracterizan<strong>do</strong>-se pela instabilidade e descontinuidade. No Paraná, alguns<br />

m<strong>em</strong>bros de sindicatos assessora<strong>do</strong>s pela AS-PTA chegaram a ocupar cargos <strong>em</strong><br />

prefeituras municipais, amplian<strong>do</strong> parcerias que, no entanto, não se institucio<strong>na</strong>lizaram.<br />

As parcerias com órgãos estaduais e federais também seguiram este padrão: relações<br />

pontuais e pouco conseqüentes. No caso <strong>do</strong> programa de desenvolvimento local <strong>na</strong><br />

Paraíba, WEID (2003, p.2) relata que:<br />

As relações de colaboração com os poderes públicos foram limitadas ao programa de<br />

distribuição de s<strong>em</strong>entes a partir da seca de 95 até a de 2002. Com a extensão rural<br />

(Emater) as interações estabelecidas se pautaram principalmente <strong>em</strong> relações de caráter<br />

individual com alguns poucos técnicos e não de caráter institucio<strong>na</strong>l. O mesmo se aplica ao<br />

relacio<strong>na</strong>mento com as prefeituras da região As políticas públicas de nível <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l como o<br />

Pro<strong>na</strong>f (crédito) deixaram o público alvo essencialmente à marg<strong>em</strong>, assim como as políticas<br />

de reforma agrária.<br />

Uma segunda razão para se buscar o apoio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para as iniciativas <strong>do</strong>s<br />

programas de desenvolvimento local é relacio<strong>na</strong>da tanto à <strong>na</strong>tureza da proposta da AS-<br />

PTA quanto à própria condição econômica <strong>do</strong>s agricultores que participam <strong>do</strong>s<br />

programas. É pouco provável as inovações técnicas introduzidas nos programas de<br />

desenvolvimento local consigam, <strong>em</strong> curto prazo, gerar autonomia econômica para os<br />

agricultores. Como já destacamos, nestas inovações são geralmente enfatiza<strong>do</strong>s<br />

produtos de baixo apelo comercial. Deste mo<strong>do</strong>, a sua mercantilização e a conseqüente<br />

reprodução social e econômica <strong>do</strong>s agricultores passam a depender de iniciativas<br />

públicas que associ<strong>em</strong> este tipo de produção, bastante peculiar, a programas<br />

gover<strong>na</strong>mentais preocupa<strong>do</strong>s, por ex<strong>em</strong>plo, com a formação de estoques para a garantia<br />

da seguridade alimentar de populações carentes.<br />

121<br />

Carta Política <strong>do</strong> ENA, endereçada à sociedade e aos governos brasileiros, publicada no Boletim <strong>do</strong> DESER<br />

<strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

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