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públicas precisam ser feitas “<strong>em</strong> parceria” com a sociedade civil, que o conhecimento<br />

produzi<strong>do</strong> e acumula<strong>do</strong> por elas precisa e pode ser socializa<strong>do</strong>. 47<br />

O conhecimento produzi<strong>do</strong> e acumula<strong>do</strong> pelas experiências das ONGs de<br />

desenvolvimento é, <strong>em</strong> boa medida, resulta<strong>do</strong> de ações que enfrentaram as desilusões e<br />

frustrações das populações, e <strong>do</strong>s agentes destas organizações, com as intenções e as<br />

práticas gover<strong>na</strong>mentais de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. Para estas organizações,<br />

suas propostas se identificaram, por muito t<strong>em</strong>po, com a possibilidade concreta de gerar<br />

alter<strong>na</strong>tivas <strong>na</strong> busca de meios e fins, materiais ou não, que, uma vez nega<strong>do</strong>s pelo<br />

Esta<strong>do</strong>, proviss<strong>em</strong> a melhoria das condições de vida e de trabalho <strong>do</strong>s grupos<br />

populacio<strong>na</strong>is para os quais dedicam suas ações. Neste senti<strong>do</strong>, as ONGs de<br />

desenvolvimento aproximam-se <strong>do</strong>s movimentos sociais e com eles se identificam<br />

principalmente quan<strong>do</strong> constro<strong>em</strong> suas identidades de mo<strong>do</strong> a “reorganizar a vida social<br />

e redefinir a vida política”, diante da insatisfação com o poder <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (FRANK &<br />

FUENTES, 1989, p.29). Diante <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s socialmente estabeleci<strong>do</strong>s de promoção <strong>do</strong><br />

desenvolvimento, as ONGs, grosso mo<strong>do</strong>, realizaram o papel de inova<strong>do</strong>res, ao criar,<br />

recriar e articular significa<strong>do</strong>s ou interpretações que renovaram as compreensões sobre<br />

estes mo<strong>do</strong>s de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. Os ambientes de relação cria<strong>do</strong>s pelas<br />

parcerias com os governos, colocam à prova este caráter historicamente afirma<strong>do</strong>.<br />

O conjunto de ONGs mais tradicio<strong>na</strong>is que dedicam sua ação à promoção <strong>do</strong><br />

desenvolvimento social, aquelas dedicadas à t<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> desenvolvimento rural, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, possui um importante acervo de experiências, acumula<strong>do</strong> durante quase três<br />

décadas <strong>na</strong> condução de projetos. Estas ONGs foram pioneiras no estabelecimento de<br />

redes de intercâmbio e troca de experiências <strong>em</strong> torno de t<strong>em</strong>áticas como a geração de<br />

alter<strong>na</strong>tivas de produção para a agricultura familiar e, mais recent<strong>em</strong>ente, a<br />

diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>ção de práticas agroecológicas. Estas organizações também vivenciaram as<br />

transições determi<strong>na</strong>das pelas mudanças conjunturais ao longo das últimas décadas,<br />

lutan<strong>do</strong> para afirmar uma identidade institucio<strong>na</strong>l. Transitaram de um momento inicial<br />

de grande idealismo e ativismo, no qual a oposição às propostas gover<strong>na</strong>mentais e a<br />

valorização de enfoques alter<strong>na</strong>tivos para o desenvolvimento davam o tom de sua ação,<br />

para um momento de maior proximidade com a institucio<strong>na</strong>lidade gover<strong>na</strong>mental, no<br />

qual os encontros com o Esta<strong>do</strong> traz<strong>em</strong> novos questio<strong>na</strong>mentos à sua identidade.<br />

Antes de a<strong>na</strong>lisarmos o caso de uma destas organizações, tentar<strong>em</strong>os, no<br />

próximo capítulo, compreender quais as teorias e enfoques informaram, ao longo das<br />

últimas décadas, o processo de construção das propostas, das estratégias de ação e da<br />

própria identidade das ONGs que se dedicaram à questão <strong>do</strong> desenvolvimento rural.<br />

47 A autora estu<strong>do</strong>u as seguintes ONGs: Abia (Associação Brasileira Interdiscipli<strong>na</strong>r de AIDS), Fala Preta!, SOS<br />

Mata Atlântica, Geledés, ECOS (Centro de Estu<strong>do</strong>s e Comunicação <strong>em</strong> Sexualidade e Reprodução Huma<strong>na</strong>) e<br />

Ação Educativa.<br />

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