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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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vez, redefiniu o seu perfil para prestar assessoria e serviços a ONGs e organizações de<br />

agricultores.<br />

Deste processo, resultou a criação <strong>do</strong>s programas de desenvolvimento local no<br />

início <strong>do</strong>s anos 90, idealiza<strong>do</strong>s como uma estratégia para construção de novos processos<br />

com capacidade de influenciar a gestão pública da promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural.<br />

A base para a construção da intervenção nos programas locais era o aprimoramento da<br />

meto<strong>do</strong>logia de diagnósticos rurais, instrumento que permitiria fomentar processos<br />

participativos de construção <strong>do</strong> conhecimento e de recomendações para a ação. Neste<br />

con<strong>texto</strong>, a noção de tecnologias alter<strong>na</strong>tivas adquiriu um senti<strong>do</strong> fragmenta<strong>do</strong>, ao<br />

reduzir a questão <strong>do</strong> desenvolvimento ao t<strong>em</strong>a da inovação tecnológica, o que<br />

contrariava os princípios <strong>do</strong>s enfoques sistêmicos (nos quais se baseiam as práticas de<br />

diagnóstico) que recusam o fragmento e ambicio<strong>na</strong>m uma compreensão holística da<br />

realidade. A noção de agricultura alter<strong>na</strong>tiva, por sua vez, estava associada à dimensão<br />

utópica da proposta, aquela que a associava a um projeto de transformação social.<br />

Carecia, nestes novos t<strong>em</strong>pos, de substância propositiva. A agroecologia assumiu o seu<br />

lugar, aparent<strong>em</strong>ente s<strong>em</strong> prejudicar o caráter ideológico da idéia-força que a<br />

possibilidade de “gerar alter<strong>na</strong>tivas” confere à proposta. A AS-PTA, neste momento de<br />

sua trajetória, passou a construir sua proposta fundamentan<strong>do</strong>-a <strong>em</strong> uma perspectiva<br />

agroecológica de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento.<br />

O enfoque agroecológico conferiu um outro tipo de legitimidade à proposta,<br />

qualifican<strong>do</strong>-a com um discurso que alcança certa legitimidade científica e a coloca <strong>em</strong><br />

discussão no circuito acadêmico. Neste momento, o discurso científico ganhou espaço<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que o perfil <strong>do</strong>s atores que compunham as organizações da Rede<br />

PTA também mudava: <strong>do</strong>s ativistas influencia<strong>do</strong>s pela cultura de resistência política <strong>do</strong>s<br />

anos 70 <strong>em</strong> direção aos profissio<strong>na</strong>is (de agronomia, principalmente) acostuma<strong>do</strong>s aos<br />

discursos e méto<strong>do</strong>s científicos requeri<strong>do</strong>s pelas práticas agroecológicas.<br />

O enfoque agroecológico também trouxe consigo a incorporação de várias<br />

perspectivas teóricas sobre o desenvolvimento que o imagi<strong>na</strong>m como um processo de<br />

valorização das diversidades ambientais e culturais, por isso muito mais complexo e<br />

dinâmico <strong>do</strong> que consegu<strong>em</strong> perceber as visões que o imagi<strong>na</strong>m como tão somente um<br />

esforço para o incr<strong>em</strong>ento econômico <strong>do</strong>s processos produtivos. Na prática, esta visão<br />

implica a necessidade de um acúmulo muito maior de informações sobre os sist<strong>em</strong>as de<br />

produção e sua <strong>integra</strong>ção à dimensão sócio-cultural da vida <strong>do</strong> lugar.<br />

A ênfase nos processos locais de desenvolvimento foi conferin<strong>do</strong> um outro<br />

caráter à postura anti-Esta<strong>do</strong>. Os encontros entre a AS-PTA e a institucio<strong>na</strong>lidade<br />

pública continuam pontuais e descontínuos, informa<strong>do</strong>s por projetos políticos de<br />

mudança social que não converg<strong>em</strong> para interesses comuns e pouco dialogam. No<br />

entanto, o Esta<strong>do</strong>, <strong>na</strong> proposta da AS-PTA, começou a aparecer como ator fundamental<br />

de uma estratégia que idealiza, por um la<strong>do</strong>, uma crescente capacidade de influência das<br />

organizações <strong>do</strong>s agricultores sobre o processo de gestão pública <strong>do</strong>s processos de<br />

promoção <strong>do</strong> desenvolvimento e, por outro, a construção de um Esta<strong>do</strong> forte e prove<strong>do</strong>r.<br />

Uma possibilidade que interage com um con<strong>texto</strong> político no qual as possibilidades de<br />

participação das organizações da sociedade civil nos processos de construção e gestão<br />

de políticas públicas são facilitadas pela difusão de institucio<strong>na</strong>lidades deliberativas<br />

como, por ex<strong>em</strong>plo, os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural. Além desses<br />

espaços, os programas de desenvolvimento local, impl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Paraíba e no<br />

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