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parte das idéias defendidas pelo economista Theo<strong>do</strong>re Schultz e divulgadas <strong>em</strong> seu livro<br />

“Transforman<strong>do</strong> a Agricultura Tradicio<strong>na</strong>l”, origi<strong>na</strong>lmente edita<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1965. Para<br />

Shultz, não era viável, <strong>do</strong> ponto de vista econômico, para os países pobres <strong>do</strong> Terceiro<br />

Mun<strong>do</strong>, uma política de promoção <strong>do</strong> reorde<strong>na</strong>mento de amplos setores da agricultura<br />

tradicio<strong>na</strong>l. A sua tentativa, dispendiosa, implicaria, no fi<strong>na</strong>l das contas, inexpressivos<br />

ganhos de produtividade (SCHULTZ, 1965). Da influência de suas idéias decorreu uma<br />

recomendação política importante. O público beneficia<strong>do</strong> pelos projetos de<br />

desenvolvimento deveria ser estratifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> categorias ou setores, de acor<strong>do</strong> com o seu<br />

maior ou menor potencial para gerar retorno econômico aos investimentos públicos.<br />

Esta estratificação deveria ser, <strong>do</strong>ravante, a base para a elaboração de políticas públicas<br />

direcio<strong>na</strong>das à promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural. Na prática, esta recomendação<br />

legitimou a margi<strong>na</strong>lização da peque<strong>na</strong> escala de produção, uma vez que o retorno<br />

econômico parecia ser uma prerrogativa das médias e grandes unidades, mais próximas<br />

à racio<strong>na</strong>lidade <strong>em</strong>presarial das monoculturas, dependentes <strong>do</strong> uso intensivo de fatores<br />

modernos de produção, de áreas férteis mais extensas e de contínua assistência técnica.<br />

O modelo de desenvolvimento basea<strong>do</strong> no uso de insumos modernos, teoriza<strong>do</strong><br />

inicialmente por Shultz, também argumentava que os agricultores considera<strong>do</strong>s aptos à<br />

modernização produtiva não necessitariam ape<strong>na</strong>s de novas tecnologias, mas de novos<br />

fatores de produção, isto é, insumos modernos a preços acessíveis que possibilitass<strong>em</strong> a<br />

superação de seu apego a técnicas e méto<strong>do</strong>s tradicio<strong>na</strong>is ou atrasa<strong>do</strong>s. Seguin<strong>do</strong> esta<br />

recomendação, as políticas de crédito rural prestaram o apoio necessário à conversão<br />

<strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as de produção. Para GRAZIANO DA SILVA et al (1983, p.29), “o sist<strong>em</strong>a de<br />

crédito rural para custeio e investimento a juros subsidia<strong>do</strong>s tornou-se inegavelmente o<br />

agente catalisa<strong>do</strong>r, a condição necessária da modernização da agricultura”. Para apoiar a<br />

modernização, a extensão rural, além de difundir novas tecnologias e assessorar os<br />

agricultores para utilizá-las de mo<strong>do</strong> mais eficiente, deveria orientá-los a gerir<br />

<strong>em</strong>presarialmente seus processos produtivos.<br />

Este modelo de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural, via modernização seletiva,<br />

encontrou ampla aceitação entre aqueles que planejavam as ações das agências<br />

gover<strong>na</strong>mentais ao longo <strong>do</strong>s anos 70. A opção pelo crescimento econômico direcionou<br />

os esforços da pesquisa agropecuária e da assistência técnica para determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s tipos de<br />

produtos (aqueles com maior potencial de exportação) e produtores, aqueles que<br />

d<strong>em</strong>onstrass<strong>em</strong> maior receptividade às mudanças propostas pelos técnicos e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, maior potencial de retorno econômico aos investimentos feitos.<br />

Dan<strong>do</strong> suporte a este sist<strong>em</strong>a, as universidades e escolas agrotécnicas públicas,<br />

espalhadas pelo Brasil, <strong>em</strong> consonância com os objetivos <strong>do</strong>s diversos Centros de<br />

Pesquisa e Experimentação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),<br />

dedicaram seus esforços para a sua viabilização.<br />

No auge desse processo de modernização, as instituições brasileiras de pesquisa<br />

agropecuária – dentre elas o IAPAR 72 – foram levadas a especializar<strong>em</strong> recursos humanos e<br />

a priorizar seus programas de pesquisa para as atividades de monocultura. Inúmeros t<strong>em</strong>as<br />

de pesquisa foram r<strong>em</strong>eti<strong>do</strong>s para ser<strong>em</strong> impl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>s, s<strong>em</strong> que se considerasse a<br />

necessária compreensão <strong>do</strong> trabalho e a organização regio<strong>na</strong>l da agricultura e <strong>do</strong>s<br />

agricultores (IAPAR, 1986).<br />

72 Fundação Instituto Agronômico <strong>do</strong> Paraná.<br />

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