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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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A FASE foi uma das primeiras ONGs brasileiras a intervir <strong>na</strong> organização de<br />

iniciativas direcio<strong>na</strong>das ao desenvolvimento rural. 81 No fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s anos 60, no Nordeste<br />

Brasileiro, a FASE – muito próxima à ação de grupos de ativistas liga<strong>do</strong>s à Igreja<br />

Católica – começou a institucio<strong>na</strong>lizar propostas de trabalho <strong>em</strong> comunidades rurais.<br />

Estas propostas defendiam a extensão <strong>do</strong>s programas de educação popular,<br />

especialmente direcio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à organização política, para aquelas comunidades. De<br />

acor<strong>do</strong> com OAKLEY (1980), estes programas não buscavam satisfazer as d<strong>em</strong>andas<br />

tecnológicas <strong>do</strong>s grupos de agricultores que deles se beneficiavam. A intervenção da<br />

FASE, <strong>na</strong>quela época, direcio<strong>na</strong>va-se à preparação de grupos de trabalha<strong>do</strong>res rurais<br />

para que eles próprios se tor<strong>na</strong>ss<strong>em</strong>, com o passar <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po, capazes de encaminhar<br />

suas d<strong>em</strong>andas organizacio<strong>na</strong>is e políticas, livran<strong>do</strong>-se da dependência à mediação de<br />

outros agentes ou da subordi<strong>na</strong>ção aos interesses patro<strong>na</strong>is. A sua prioridade de ação era<br />

a formação política de trabalha<strong>do</strong>res organiza<strong>do</strong>s, a partir de atividades pedagógicas,<br />

dirigidas à formação de oposições sindicais que se tor<strong>na</strong>ss<strong>em</strong> mais b<strong>em</strong> capacitadas a<br />

intervir nos aspectos políticos da realidade agropecuária (PTA-FASE, 1988).<br />

A questão da intervenção nos processos produtivos, para a oferta de alter<strong>na</strong>tivas<br />

tecnológicas àquelas disponibilizadas pela ação gover<strong>na</strong>mental, começou a aparecer<br />

como uma d<strong>em</strong>anda <strong>do</strong>s agricultores e como probl<strong>em</strong>a às equipes de assessoria no fi<strong>na</strong>l<br />

<strong>do</strong>s anos 70. SOTO (1992) relata que o então coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>r <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l da FASE, Jean Pierre<br />

Leroy 82 , avaliava, <strong>na</strong> época, a possibilidade de compl<strong>em</strong>entar a atuação da FASE,<br />

relacio<strong>na</strong>da ao apoio a organizações de trabalha<strong>do</strong>res rurais, crian<strong>do</strong> um projeto de<br />

assessoria técnica. Este também era o interesse manifesta<strong>do</strong> pela CPT, que mantinha<br />

estreito diálogo com a FASE.<br />

A CPT (...) origi<strong>na</strong>lmente interessada <strong>na</strong> questão da luta pela terra, não tinha condições de<br />

se dedicar às probl<strong>em</strong>áticas técnico-produtivas e de comercialização específicas à peque<strong>na</strong><br />

produção agropecuária, probl<strong>em</strong>ática que a CPT avaliava como prioritária a ser<br />

considerada, uma vez que observava que a tecnologia tradicio<strong>na</strong>l não dava resulta<strong>do</strong>s para<br />

as condições de produção margi<strong>na</strong>is <strong>na</strong>s quais se encontravam a maioria <strong>do</strong>s assentamentos<br />

de reforma agrária. Neste senti<strong>do</strong>, a preocupação da CPT era a de abordar o probl<strong>em</strong>a da<br />

peque<strong>na</strong> produção como um to<strong>do</strong> (SOTO, 1992, p.54).<br />

Em Parati, <strong>na</strong> comunidade de pequenos agricultores que ameaçava trocar o<br />

campo pela cidade, os assessores da CPT resolveram investir <strong>em</strong> uma iniciativa para<br />

oferecer aos agricultores uma esperança para permanecer<strong>em</strong> <strong>na</strong> terra <strong>em</strong> condições mais<br />

favoráveis. Para tanto, <strong>em</strong> 1980, <strong>do</strong>is economistas com especialização <strong>em</strong> agricultura,<br />

então vincula<strong>do</strong>s ao Institut Nacio<strong>na</strong>l de la Recherche Agronomique (INRA), <strong>em</strong> Paris,<br />

começaram a trabalhar voluntariamente, <strong>em</strong> uma “assessoria de fim de s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>”, <strong>na</strong><br />

tentativa de elaborar um projeto de desenvolvimento que pudesse trazer as melhorias<br />

desejadas. Estes assessores eram Jean Marc von der Weid e Sílvio Gomes de Almeida,<br />

ambos profissio<strong>na</strong>is com experiência <strong>em</strong> projetos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de desenvolvimento<br />

que, durante o regime militar, tinham se exila<strong>do</strong> <strong>na</strong> Europa. Jean Marc havia si<strong>do</strong><br />

consultor <strong>do</strong> Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), <strong>na</strong> África,<br />

81 MANFREDI (1996, p.133) explica que, nos anos 80, “a característica central <strong>do</strong> projeto da FASE se constituiu<br />

num acompanhamento direto e permanente <strong>do</strong>s grupos prioritários, o que implicava numa aproximação e num<br />

conhecimento <strong>do</strong>s grupos e da realidade <strong>em</strong> que os grupos estão inseri<strong>do</strong>s; numa atuação no planejamento e<br />

desenvolvimento de atividades de formação e de outras práticas políticas e organizativas, condizentes para o<br />

avanço das lutas e da organização das classes subalter<strong>na</strong>s”.<br />

82 Jean Pierre Leroy foi coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>r da FASE entre 1978 e 1987.<br />

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