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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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especificidades de cada país. No entanto, aqueles países que seguiram com maior<br />

obediência às recomendações <strong>do</strong> Consenso de Washington começaram a compreender<br />

que o desenvolvimento necessitava tanto de um Esta<strong>do</strong> forte, o contrário <strong>do</strong> que era<br />

receita<strong>do</strong>, quanto de uma infra-estrutura institucio<strong>na</strong>l b<strong>em</strong> fundada, baseada no<br />

incentivo às d<strong>em</strong>ocráticas sociais mais participativas. S<strong>em</strong> este desenvolvimento<br />

institucio<strong>na</strong>l, a obtenção de lucros poderia ser limitada pela ausência de provisão de<br />

serviços sociais. O milagre econômico <strong>do</strong> leste asiático d<strong>em</strong>onstrou o forte papel a ser<br />

cumprin<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong> para promover, s<strong>em</strong> privatizações excessivas e com forte papel<br />

regula<strong>do</strong>r sobre a economia, o crescimento econômico ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que reduzia<br />

a pobreza, melhoran<strong>do</strong> os níveis de vida das populações com pesa<strong>do</strong>s investimentos <strong>em</strong><br />

educação e tecnologia. Estes eventos traziam novos desafios às estratégias de promoção<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento.<br />

De acor<strong>do</strong> com o argumento de PIETERSE (1998), neste amplo debate –<br />

consideradas todas as mudanças conjunturais – tanto <strong>na</strong> vertente econômica quanto <strong>na</strong><br />

de cunho ambientalista, a noção de desenvolvimento, <strong>em</strong> si, não estava sen<strong>do</strong><br />

questio<strong>na</strong>da. As mudanças reclamadas pareciam indicar a impossibilidade de aban<strong>do</strong>no<br />

da crença <strong>na</strong> razão. O conhecimento científico ganhava outros qualificativos, mas estava<br />

s<strong>em</strong>pre presente <strong>na</strong> validação da noção de aperfeiçoamento, de avanço como resulta<strong>do</strong><br />

da aplicação de inovações e aportes cognitivos e de técnicas trazidas por algum tipo de<br />

agência, que passavam a ser tutoradas por processos de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento.<br />

O desenvolvimento, como enfoque normativo, tornou-se um conceito <strong>na</strong>turaliza<strong>do</strong>,<br />

pouco referi<strong>do</strong> a situações concretas, representan<strong>do</strong> aspirações políticas diversas. E,<br />

cada vez mais, no con<strong>texto</strong> macrosocial, servia aos interesses <strong>do</strong> acúmulo <strong>do</strong> poder<br />

econômico no campo de disputas geopolíticas, agora regio<strong>na</strong>lizadas <strong>em</strong> blocos<br />

econômicos. As vozes dissidentes e críticas, cada uma a seu mo<strong>do</strong>, pediam por<br />

redefinições, redirecio<strong>na</strong>mentos e adequações <strong>do</strong>s objetivos e méto<strong>do</strong>s de sua<br />

promoção, diante <strong>do</strong> diagnóstico da falência, ineficácia ou parcialidade das intenções e<br />

das ações até então <strong>em</strong>preendidas. Para WEBSTER (1990), as críticas ao<br />

desenvolvimento não foram muito além de diagnósticos <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as evidencia<strong>do</strong>s<br />

pelas experiências, trataram de buscar soluções para os sintomas <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a, mas não<br />

para a <strong>do</strong>ença <strong>em</strong> si.<br />

Estes debates e a construção social de novos significa<strong>do</strong>s representaram rupturas<br />

e continuidades com determi<strong>na</strong>das concepções convencio<strong>na</strong>is e <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>ntes sobre o<br />

desenvolvimento. Por um la<strong>do</strong>, indicaram uma necessidade de reconhecer outros<br />

valores, <strong>em</strong> parte uma reação ao declínio da força normativa da idéia de história<br />

universal e também uma decorrência <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s concretos altamente contestáveis<br />

<strong>do</strong>s ideais de progresso aplica<strong>do</strong>s às políticas desenvolvimentistas. Deste mo<strong>do</strong>, a<br />

concepção de modelos de desenvolvimento como processos <strong>na</strong>turais, com propriedades<br />

transferíveis das sociedades desenvolvidas àquelas ainda não-desenvolvidas encontrava<br />

enormes dificuldades para ser sustentada. O viés etnocêntrico foi, <strong>em</strong> parte, posto <strong>em</strong><br />

xeque e a dimensão cultural <strong>do</strong> desenvolvimento assumiu um papel relevante <strong>na</strong><br />

formulação das intenções de sua promoção (TUCKER, 1996).<br />

Como explica LATOUCHE (1988), a partir destas críticas, o desenvolvimento<br />

convencio<strong>na</strong>l passou a ser sist<strong>em</strong>aticamente associa<strong>do</strong> a vários qualificativos que<br />

tentavam incorporar o teor das mudanças que estavam sen<strong>do</strong> propostas e reclamadas.<br />

Nos amplos e calorosos debates, o desenvolvimento passou a ser discursa<strong>do</strong> como<br />

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