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trabalha<strong>do</strong>res rurais, geralmente escolhen<strong>do</strong> aquelas mais próximas ao trabalho da<br />
Igreja Católica. 92 Isto facilitou os contatos prévios e conferiu uma certa legitimidade <strong>do</strong><br />
trabalho de pesquisa perante as lideranças e aos próprios agricultores. Os trabalha<strong>do</strong>res<br />
rurais que se organizavam <strong>em</strong> cooperativas foram preteri<strong>do</strong>s, <strong>na</strong>quele momento inicial,<br />
porque a equipe <strong>do</strong> PTA diagnosticava que estas cooperativas abarcavam uma enorme<br />
diversidade de tipos de agricultores, no meio da qual sobressaiam, geralmente, os<br />
interesses <strong>do</strong>s médios e grandes produtores.<br />
De acor<strong>do</strong> com a meto<strong>do</strong>logia de ação utilizada, as lideranças escolhidas – como<br />
também to<strong>do</strong>s os outros atores contata<strong>do</strong>s – passavam por uma “sensibilização”, ou seja,<br />
por um “despertar de interesses” sobre a questão das tecnologias alter<strong>na</strong>tivas e sobre a<br />
proposta <strong>do</strong> PTA. 93 Este processo de sensibilização, supunha-se, tor<strong>na</strong>ria as lideranças e<br />
os d<strong>em</strong>ais atores envolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s consultas, capacita<strong>do</strong>s a identificar, “<strong>em</strong> suas bases”, as<br />
experiências a ser<strong>em</strong> estudadas para, fosse o caso, sua posterior difusão. As lideranças<br />
escolhidas pelo PTA tor<strong>na</strong>ram-se agentes fundamentais <strong>na</strong> identificação <strong>do</strong>s agricultores<br />
a ser<strong>em</strong> visita<strong>do</strong>s, orientan<strong>do</strong> <strong>na</strong> sua localização, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que facilitavam a<br />
sensibilização <strong>do</strong>s mesmos à proposta <strong>do</strong> PTA. Coerente com a opção por buscar<br />
soluções globais ao probl<strong>em</strong>a da peque<strong>na</strong> produção familiar, a pesquisa por alter<strong>na</strong>tivas<br />
teve um amplo raio de ação, cobrin<strong>do</strong> os principais esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Nordeste, <strong>do</strong> Sudeste e<br />
<strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> país. 94<br />
Em um ano visitei experiências de grupos de agricultores, de organizações, de<br />
universidades, de centros de pesquisa, <strong>em</strong> <strong>do</strong>ze esta<strong>do</strong>s. Contatei direta ou indiretamente<br />
(por cartas, telefone, “telepatia” etc.) cente<strong>na</strong>s de grupos e pessoas. Fomos descobrin<strong>do</strong> os<br />
nossos pares, a diversidade enorme <strong>do</strong>s que, questio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o modelo moderniza<strong>do</strong>r, se<br />
lançavam como nós <strong>na</strong> busca de alter<strong>na</strong>tivas (WEID, 1988, p.4).<br />
Este trabalho inicial de pesquisa, os diversos contatos e a sensibilização de<br />
distintos atores afirmava o desejo por mudanças no padrão tecnológico da agricultura<br />
<strong>em</strong> peque<strong>na</strong> escala entre os grupos sensibiliza<strong>do</strong>s pela proposta. 95 Consolidava-se,<br />
socialmente, a d<strong>em</strong>anda por alter<strong>na</strong>tivas de desenvolvimento para este segmento<br />
92 Estas organizações de agricultores escolhidas passariam a <strong>integra</strong>r, <strong>em</strong> sua maioria, os quadros <strong>do</strong><br />
Departamento Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais da Central Única <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res – DNTR/CUT (WEID,<br />
1997). Os contatos iniciais foram intermedia<strong>do</strong>s pela CPT Nacio<strong>na</strong>l (PTA-FASE, 1981).<br />
93 No processo de sensibilização “(...) levava-se ao movimento social rural a dimensão política das opções feitas<br />
no processo produtivo e nos modelos de desenvolvimento, alertan<strong>do</strong>-se sobre as implicações das propostas <strong>do</strong><br />
governo e sobre as alter<strong>na</strong>tivas às mesmas” (PTA-FASE, 1988, p.4).<br />
94 O primeiro projeto <strong>do</strong> PTA-FASE (PTA-FASE, 1988) apresenta uma relação das entidades que, <strong>em</strong> resposta a<br />
um questionário envia<strong>do</strong> pela CPT Nacio<strong>na</strong>l, d<strong>em</strong>onstraram maior interesse pelo PTA: Associação de Estu<strong>do</strong>s,<br />
Orientação e Assistência Rural (ASSESSOAR) de Francisco Beltrão – PR, CPT de Cachoeira de Macacu – RJ,<br />
FASE de Agreste – PE, Comunidade de Betânia – CE, CPT de Parati – RJ, Comunidade de São Raimun<strong>do</strong><br />
No<strong>na</strong>to – PI, Comunidade de Mirandópolis – SP, Associação <strong>do</strong>s Lavra<strong>do</strong>res de Miracatu – SP, Diocese de Barra<br />
– BA, CPT de Lins – SP, CPT de Crateús – CE, Movimento de Organização Comunitária (MOC) de Feira de<br />
Santa<strong>na</strong> – BA, Programa de Aplicação de Tecnologias Apropriadas às Comunidades (PATAC), de Campi<strong>na</strong><br />
Grande – PB, COTRIJUÍ, de Ijuí – RS, Colônia Witmarsun de Palmeiras – PR, Prefeitura Municipal de Lajes –<br />
SC e FASE de Abaetetuba – PA.<br />
95 De acor<strong>do</strong> como MELO (1993), os principais interlocutores <strong>do</strong> PTA, neste momento, foram a CPT, a Central<br />
Única <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res (CUT), a Confederação Nacio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res <strong>na</strong> Agricultura (CONTAG) e o<br />
Movimento <strong>do</strong>s Agricultores S<strong>em</strong>-Terra (MST).<br />
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