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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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Por fim, o princípio da autogestão organizativa <strong>do</strong>s agricultores defende que<br />

estes dev<strong>em</strong> ser os verdadeiros sujeitos das mudanças de orientação e institucio<strong>na</strong>is nos<br />

processos de desenvolvimento local. A presença <strong>do</strong>s técnicos e assessores deve ser<br />

catalisa<strong>do</strong>ra e transitória, seu papel é animar processos sociais que promovam os<br />

princípios agroecológicos, possibilit<strong>em</strong> assistência técnica a partir das d<strong>em</strong>andas<br />

identificas <strong>em</strong> conjunto com os agricultores e garantam, por fim, autonomia aos grupos<br />

trabalha<strong>do</strong>s. Coerente com este princípio, no discurso da AS-PTA o fortalecimento das<br />

associações locais aparece destaca<strong>do</strong>, como um <strong>do</strong>s objetivos principais de seu trabalho.<br />

Em sua trajetória, este princípio r<strong>em</strong>ete à idéia da valorização <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> com as<br />

bases. Assim, as novas formas de organização, méto<strong>do</strong>s e tecnologias não seriam<br />

meramente fruto das capacidades trazidas pelos técnicos ou assessores, mas, idealmente,<br />

produto da interação de conhecimentos e experiências, media<strong>do</strong>s por um “novo<br />

enfoque” científico, o agroecológico, e por novas abordagens meto<strong>do</strong>lógicas, de caráter<br />

participativo.<br />

O complexo e diversifica<strong>do</strong> saber acumula<strong>do</strong> pelos produtores nos processos e técnicas de<br />

gestão <strong>do</strong>s agroecossist<strong>em</strong>as cultiva<strong>do</strong>s e <strong>na</strong> reprodução de sua fertilidade constitu<strong>em</strong> uma<br />

fonte inesgotável de riqueza, onde a ciência organizada sob novas formas e novo enfoque<br />

deve buscar lições e experiências para valorizar conhecimentos antigos (mas ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po extr<strong>em</strong>amente modernos), adaptá-los e desenvolvê-los (ALMEIDA, 1991, p.6).<br />

A defesa destes princípios é marcante nos discursos construí<strong>do</strong>s pela AS-PTA. O<br />

momento de transição vivi<strong>do</strong> no início <strong>do</strong>s anos 90, suas incertezas institucio<strong>na</strong>is e o<br />

cenário político pouco promissor exacerbavam, de certo mo<strong>do</strong>, a difusão de um forte<br />

discurso de defesa identitária. 109 A crítica à modernização <strong>do</strong> agro e à agricultura<br />

<strong>em</strong>presarial alinhava-se à defesa <strong>do</strong> projeto de transformação social por meio da<br />

valorização das experiências cotidia<strong>na</strong>s e tradicio<strong>na</strong>is <strong>do</strong>s pequenos agricultores<br />

familiares (AS-PTA, 1995). Era um momento de afirmação <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> modelo de<br />

desenvolvimento proposto e conduzi<strong>do</strong> com o aval da institucio<strong>na</strong>lidade pública. A<br />

agroecologia aparecia como instrumento e bandeira ideológica para viabilizar as<br />

profundas mudanças sociais imagi<strong>na</strong>das.<br />

No ten<strong>em</strong>os duda, por lo tanto, que u<strong>na</strong> generalización de la agroecologia deberá favorecer<br />

al fraccio<strong>na</strong>miento de las grandes propiedades y aumentar el potencial de lãs peque<strong>na</strong>s y<br />

media<strong>na</strong>s unidades familiares, côn significativa retención de mano de obra en el campo<br />

(WEID, 1994, p.13).<br />

Embora as formulações da agroecologia foss<strong>em</strong> carentes de um projeto político,<br />

elas se mostravam coerentes com a proposta da AS-PTA, até então defendida, e se<br />

adequavam à nova estratégia: trabalhar a partir de programas locais para fortalecer as<br />

organizações de agricultores. Este trabalho também envolvia o fortalecimento ou a<br />

criação de novos espaços coletivos e instituições que tor<strong>na</strong>ss<strong>em</strong> os processos de<br />

promoção <strong>do</strong> desenvolvimento mais participativos. Como argumenta ALMEIDA (2002,<br />

p.3-4), a proposta agroecológica, <strong>em</strong>bora representasse uma tentativa de superação <strong>do</strong><br />

caráter idealista <strong>do</strong> discurso da agricultura alter<strong>na</strong>tiva, não escapava deste espectro:<br />

Aqueles que idealizam este tipo de agricultura têm razões para pensar que, <strong>em</strong> se alian<strong>do</strong> a<br />

um projeto de desenvolvimento local, descentraliza<strong>do</strong>, que privilegie a diversidade <strong>em</strong> cada<br />

109 O ano de 1989 marcou a derrota <strong>do</strong> candidato de oposição <strong>na</strong>s eleições presidenciais. Luis Inácio Lula da Silva<br />

simbolizava a possibilidade de chegada ao poder de uma proposta política mais próxima às reivindicações <strong>do</strong>s<br />

movimentos sociais. Em 1990 teve início o breve e desastroso mandato de Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Collor de Mello.<br />

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