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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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agricultores tor<strong>na</strong>vam-se agentes passivos <strong>do</strong> processo difusão das tecnologias<br />

moder<strong>na</strong>s, deveriam executar as receitas comunicadas pelos técnicos. A racio<strong>na</strong>lidade<br />

da proposta moder<strong>na</strong> encontrava-se no técnico extensionista, um mero divulga<strong>do</strong>r de<br />

pacotes tecnológicos. Este processo também implicava uma crescente perda <strong>do</strong>s<br />

referenciais cognitivos destes agricultores, acumula<strong>do</strong>s com a experiência de seu<br />

trabalho no cultivo da terra (GRAZIANO DA SILVA et al., 1983, CANUTO, 1984).<br />

(...) quan<strong>do</strong> se questio<strong>na</strong> a tecnologia veiculada através da Revolução Verde, titulada de<br />

moder<strong>na</strong>, questio<strong>na</strong>-se também o tipo de relação que foi instituída frente ao saber <strong>do</strong><br />

agricultor, pois conjuntamente com este, instalou-se a autoridade supr<strong>em</strong>a <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e<br />

<strong>do</strong> extensionista; os técnicos é que possuíam a primeira e a última palavra, eram os que<br />

sabiam e que tinham a melhor saída para os agricultores (ALMEIDA, 1996).<br />

O modelo que impulsionou a modernização parcial <strong>do</strong> agro brasileiro foi<br />

manti<strong>do</strong>, inicialmente, sob o suporte fi<strong>na</strong>nceiro de vários programas inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de<br />

ajuda econômica aos países <strong>em</strong> desenvolvimento. Estes programas visavam possibilitar<br />

recursos fi<strong>na</strong>nceiros para a formação de estruturas administrativas (extensão rural e<br />

pesquisa agropecuária, principalmente) capacitadas a difundir os ideais modernizantes,<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que possibilitavam recursos aos agricultores para o fi<strong>na</strong>nciamento<br />

<strong>do</strong>s insumos e máqui<strong>na</strong>s necessários à modernização <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as de produção. O<br />

Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Mundial, a Fundação Rockfeller e<br />

a Fundação Ford estavam entre os principais agentes envolvi<strong>do</strong>s neste processo. A partir<br />

da segunda metade da década de 70, a abundância <strong>do</strong>s recursos ca<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>s por estas<br />

instituições foi minguan<strong>do</strong>, <strong>em</strong> decorrência da crise <strong>do</strong> petróleo. Os limites à expansão<br />

da modernização tor<strong>na</strong>ram-se maiores com a crise econômica que o Esta<strong>do</strong> brasileiro<br />

atravessou <strong>na</strong> década seguinte, como conseqüência das dificuldades para pagar os<br />

encargos da dívida exter<strong>na</strong>. A escassez de recursos, aliada às manifestações <strong>do</strong>s<br />

movimentos sociais e à proliferação de estu<strong>do</strong>s acadêmicos que davam conta das<br />

nefastas conseqüências sociais e ambientais advindas das insuficiências e parcialidades<br />

<strong>do</strong> modelo, contribuíram para o redirecio<strong>na</strong>mento parcial <strong>do</strong>s objetivos da<br />

modernização ao longo das décadas de 80 e 90.<br />

A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> o con<strong>texto</strong> <strong>do</strong>s anos 70, GRAZIANO DA SILVA et al. (1983) afirmaram<br />

que o principal efeito social da modernização da agricultura brasileira foram os diversos<br />

tipos e graus de expropriação aos quais foram submeti<strong>do</strong>s os agricultores mal ou<br />

simplesmente não adapta<strong>do</strong>s aos requisitos das estratégias modernizantes. A principal<br />

expropriação era a relativa à perda da posse ou da propriedade da terra de cultivo e<br />

criação. Às conseqüências sociais da modernização <strong>do</strong>s processos produtivos da<br />

agricultura somaram-se os des<strong>do</strong>bramentos sociais e ambientais da ocupação de novas<br />

fronteiras agrícolas (principalmente <strong>na</strong>s regiões Centro-Oeste e Norte) e da expansão<br />

das grandes unidades de produção monocultoras, baseadas <strong>em</strong> intensa mecanização e<br />

uso, <strong>em</strong> larga escala, de insumos químicos – fertilizantes e inseticidas, principalmente –<br />

culmi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> <strong>em</strong> processos de degradação <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais (GRAZIANO NETO, 1985).<br />

No fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s anos 70, evidencian<strong>do</strong> uma das conseqüências das estratégias de<br />

modernização <strong>do</strong> agro, os conflitos por posse de terras eclodiram dispersamente por<br />

to<strong>do</strong> o país. Os agricultores que produziam <strong>em</strong> peque<strong>na</strong> escala tinham cada vez maiores<br />

dificuldades para se manter no campo. Naquele cenário, a luta pela permanência <strong>na</strong> terra<br />

assumiu um papel preponderante e trouxe à ce<strong>na</strong> novos atores <strong>na</strong> busca de alter<strong>na</strong>tivas,<br />

principalmente políticas, às diversas formas de expropriação. Os agricultores atingi<strong>do</strong>s<br />

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