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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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chama<strong>do</strong> agronegócio. Para a AS-PTA, a agroecologia parecia oferecer maiores<br />

possibilidades à sua proposta. Para seus fi<strong>na</strong>ncia<strong>do</strong>res, com a incorporação <strong>do</strong> discurso<br />

da sustentabilidade <strong>do</strong> desenvolvimento, a proposta aparentava ganhar maior<br />

objetividade, caso direcio<strong>na</strong>sse sua ação a projetos locais, cujos ganhos ou resulta<strong>do</strong>s<br />

poderiam ser mais b<strong>em</strong> mensura<strong>do</strong>s. O alcance, a visibilidade e o potencial de persuasão<br />

da proposta também ganhariam, imagi<strong>na</strong>va-se, fôlego no campo acadêmico, pois estaria<br />

associada a uma ciência ambiental <strong>em</strong> construção, cada vez mais influente neste campo<br />

(ALTIERE, 1988). A proximidade à agroecologia, por fim, incorporava, s<strong>em</strong> prejuízos, o<br />

ideário das tecnologias alter<strong>na</strong>tivas ou apropriadas, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />

cont<strong>em</strong>plava as suas preocupações com as dimensões sistêmicas <strong>do</strong>s processos de<br />

produção e com o resgate <strong>do</strong>s conhecimentos e práticas culturais acumula<strong>do</strong>s pelos<br />

agricultores tradicio<strong>na</strong>is (ou “familiares”, para ser mais fiel aos novos termos <strong>em</strong> voga<br />

no início <strong>do</strong>s anos 90).<br />

Pod<strong>em</strong>os argumentar que este processo de trasição <strong>na</strong> proposta da AS-PTA rumo<br />

à agroecologia representou a incorporação de seu referncial discursivo de caráter<br />

utópico, a agricultura alter<strong>na</strong>tiva, <strong>em</strong> um outro campo de disputa e legitimação, o<br />

científico. Assim, o projeto alter<strong>na</strong>tivo, ou seja, a agricultura alter<strong>na</strong>tiva, compreendida<br />

como instrumento de <strong>em</strong>ancipação de sujeitos sociais subordi<strong>na</strong><strong>do</strong>s a processos de<br />

desenvolvimento que não levavam <strong>em</strong> consideração suas d<strong>em</strong>andas e características<br />

sócio-culturais, adentrava uma das dimensões da ciência moder<strong>na</strong>, que seria<br />

aparent<strong>em</strong>ente imparcial quanto ao t<strong>em</strong>a da transformação social, mas importante para a<br />

construção outros discursos para referendar e legitimar a proposta. Deste mo<strong>do</strong>,<br />

imagi<strong>na</strong>va-se que também estaria assegura<strong>do</strong> o poder de coesão da identidade<br />

construída pelo projeto (e pela rede por ele formada) desde o início <strong>do</strong>s anos 80.<br />

(...) nunca nos identificamos com nenhuma escola: biodinâmica, orgânica ou <strong>na</strong>tural, ou<br />

esta ou aquela, mas a idéia era aproveitar todas as contribuições técnicas que pudess<strong>em</strong> vir<br />

dessas escolas (...) <strong>em</strong>bora nos <strong>texto</strong>s a gente passe a usar agroecologia que parece mais<br />

positivamente defini<strong>do</strong> que <strong>do</strong> que Agricultura Alter<strong>na</strong>tiva, que se define pela negação. (...)<br />

a gente manteve a questão da Agricultura Alter<strong>na</strong>tiva [no nome da AS-PTA] porque já t<strong>em</strong><br />

uma imag<strong>em</strong> de marca (...) e se introduzir no nome a questão da agroecologia poderia ser<br />

mais complica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> que simplifica<strong>do</strong>r. 108<br />

O ideário agroecológico tinha (e ainda t<strong>em</strong>) como uma de suas principais<br />

referências, o Professor Miguel Altiere, chileno, radica<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

especialista <strong>em</strong> Ciência <strong>do</strong> Solo, que trabalha <strong>na</strong> Universidade da Califórnia, <strong>em</strong><br />

Berkeley, e também é <strong>integra</strong>nte <strong>do</strong> CLADES. Altiere é responsável por várias<br />

pesquisas, amplamente divulgadas <strong>em</strong> diversos <strong>texto</strong>s (muitos <strong>do</strong>s quais publica<strong>do</strong>s pelo<br />

PTA-FASE e, depois, pela AS-PTA) que divulgam e afirmam as bases científicas da<br />

agroecologia. O conteú<strong>do</strong> deste ideário, no que se refere às readequações propostas aos<br />

sist<strong>em</strong>as produtivos da agricultura, num primeiro momento, preocupava-se muito mais<br />

<strong>em</strong> elaborar uma fundamentação técnica própria <strong>do</strong> que teorizar sobre os<br />

des<strong>do</strong>bramentos políticos das mudanças institucio<strong>na</strong>is requeridas e provocadas pela<br />

a<strong>do</strong>ção das suas práticas e méto<strong>do</strong>s aplica<strong>do</strong>s a estratégias de desenvolvimento.<br />

Coerente com esta assertiva, Altiere identificava, no fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s anos 80, a agroecologia<br />

como “uma estratégia para o desenvolvimento da tecnologia agrícola” (ALTIERE, 1988,<br />

p.7), restringin<strong>do</strong> seu escopo.<br />

108 Depoimento de um m<strong>em</strong>bro da AS-PTA cita<strong>do</strong> por MELO (1993, p.172).<br />

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