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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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expressivo número de representantes de organizações públicas, privadas, lideranças de<br />

organizações de movimentos sociais, estudantes e acadêmicos <strong>em</strong> torno <strong>do</strong> debate sobre<br />

a questão tecnológica <strong>na</strong> agricultura, então o t<strong>em</strong>a de maior atração. O encontro<br />

representou a oportunidade para apresentação de trabalhos técnicos e experiências<br />

práticas que buscavam alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas à agricultura moder<strong>na</strong>. No campo<br />

político, foi uma oportunidade para articular várias alianças e organizações para<br />

conduzir os rumos <strong>do</strong> movimento pela agricultura alter<strong>na</strong>tiva. 80<br />

A dimensão política <strong>do</strong> evento ganhou corpo <strong>em</strong> 1984, no segun<strong>do</strong> EBAA,<br />

realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Petrópolis, esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro, quan<strong>do</strong> vários secretários estaduais<br />

de agricultura, convida<strong>do</strong>s ao evento, entraram <strong>em</strong> contato com o debate sobre a<br />

agricultura alter<strong>na</strong>tiva e com suas incipientes propostas (EHLERS, 1994). O evento<br />

aconteceria ainda <strong>em</strong> 1987, <strong>em</strong> Cuiabá, e <strong>em</strong> 1988, <strong>em</strong> Porto Alegre, reunin<strong>do</strong>, <strong>em</strong> cada<br />

um, cerca de quatro mil participantes.<br />

O terceiro EBAA foi marca<strong>do</strong> por um <strong>em</strong>bate entre <strong>do</strong>is enfoques distintos <strong>em</strong> relação à<br />

agricultura alter<strong>na</strong>tiva: de um la<strong>do</strong>, um grupo defendia que as mudanças sociais no campo<br />

deveriam preceder as mudanças de ord<strong>em</strong> técnica. Do outro la<strong>do</strong>, a idéia de que as<br />

transformações sociais viriam à deriva das mudanças tecnológicas. Este confronto de<br />

opiniões revelou a existência de frentes divergentes dentro <strong>do</strong> movimento e esfriou a idéia<br />

da criação de uma representação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l para a agricultura alter<strong>na</strong>tiva (EHLERS, 1994,<br />

p.72).<br />

Embora houvesse divergências sobre os rumos das propostas de mudança, os<br />

novos significa<strong>do</strong>s, orientações simbólicas e questio<strong>na</strong>mentos postos <strong>em</strong> ce<strong>na</strong> trouxeram<br />

enorme riqueza e diversidade ao debate sobre a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural.<br />

Além disso, este movimento criou <strong>aqui</strong>lo que MELUCCI (1996) chama de “noções de<br />

causalidade e pertencimento”, ou seja, apesar das diferenças inter<strong>na</strong>s, erigia-se um certo<br />

consenso sobre as causas principais <strong>do</strong> processo de margi<strong>na</strong>lização <strong>do</strong>s pequenos<br />

produtores e também sobre os meios políticos e organizacio<strong>na</strong>is necessários ao<br />

enfrentamento da questão. Além de novos senti<strong>do</strong>s, o movimento, ao colocar <strong>em</strong><br />

contato pessoas, grupos, organizações que tinham algo a compartilhar sobre suas<br />

experiências com práticas alter<strong>na</strong>tivas, contribuiu para a construção de um consenso <strong>em</strong><br />

torno da construção <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> e <strong>do</strong> valor cultural da noção de agricultura<br />

alter<strong>na</strong>tiva. De mo<strong>do</strong> crescente, as pessoas se identificavam com a causa, o que indicava<br />

o compartilhamento de orientações simbólicas e significa<strong>do</strong>s que eram prontamente<br />

aceitos pelos atores envolvi<strong>do</strong>s e que, paulati<strong>na</strong>mente, iam ganhan<strong>do</strong> novos<br />

simpatizantes e interlocutores. A fala de Sílvio Gomes de Almeida, uma das lideranças<br />

deste movimento, ilustra b<strong>em</strong> este processo:<br />

A combi<strong>na</strong>ção de efeitos da crise econômica e <strong>do</strong> processo de red<strong>em</strong>ocratização<br />

permitiram, <strong>em</strong> particular, que se revelasse e se difundisse <strong>em</strong> escala ampliada o desastre<br />

econômico, técnico, ecológico e social da modernização agrícola e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, que<br />

organismos da sociedade civil, direta e indiretamente envolvi<strong>do</strong>s, viess<strong>em</strong> a se expressar e a<br />

apontar alter<strong>na</strong>tivas às formas vigentes de organização social e técnica da produção agrícola<br />

no País (ALMEIDA, 1985, p.16).<br />

80 Em 1987, no EBAA de Cuiabá, <strong>em</strong> virtude <strong>do</strong> grande número de entidades e organizações surgidas nos<br />

primeiros encontros, foi cria<strong>do</strong> o Fórum de Coorde<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s Movimentos de Agricultura Alter<strong>na</strong>tiva.<br />

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