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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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Anunciada <strong>do</strong>is anos de sua realização, a Conferência de Estocolmo<br />

desencadeou uma intensa movimentação de cientistas e ativistas políticos, to<strong>do</strong>s<br />

queriam ter voz <strong>na</strong> Conferência. Assim, <strong>em</strong> 1971, um grupo de estudiosos se reuniu <strong>em</strong><br />

Founex, <strong>na</strong> Suíça, para elaborar um <strong>do</strong>cumento preparatório à conferência da ONU.<br />

Este <strong>do</strong>cumento trazia um amplo diagnóstico sobre a situação da degradação ambiental<br />

<strong>do</strong> planeta, apontan<strong>do</strong> recomendações políticas à reversão <strong>do</strong> cenário que descrevia. O<br />

estu<strong>do</strong>, que ficou conheci<strong>do</strong> como o “Documento de Founex”, tornou-se um importante<br />

instrumento de difusão da crítica ao crescimento econômico ilimita<strong>do</strong>, influencian<strong>do</strong><br />

decisivamente os debates <strong>em</strong> Estocolmo (CEPAL, 1991).<br />

Um pouco antes da Conferência, já <strong>em</strong> 1972, foi publica<strong>do</strong> pelo Clube de Roma<br />

– uma associação de cientistas, políticos e <strong>em</strong>presários preocupa<strong>do</strong>s com os rumos <strong>do</strong><br />

crescimento econômico – um relatório intitula<strong>do</strong> “Os limites <strong>do</strong> crescimento”<br />

(MEADOWS et al., 1973), que havia si<strong>do</strong> encomenda<strong>do</strong> ao Massachusetts Institute of<br />

Technology (MIT). Este relatório trazia uma ampla denúncia, baseada principalmente<br />

<strong>em</strong> da<strong>do</strong>s quantitativos, sobre a relação entre o uso considera<strong>do</strong> irracio<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s recursos<br />

<strong>na</strong>turais e a deterioração ambiental, como conseqüência da crença no crescimento<br />

econômico ilimita<strong>do</strong>. O relatório projetava uma visão sombria sobre o futuro <strong>do</strong> planeta,<br />

caso persistiss<strong>em</strong> os ritmos de crescimento observa<strong>do</strong>s até então.<br />

Segun<strong>do</strong> esse famoso relatório, os principais probl<strong>em</strong>as ambientais são globais e sua<br />

evolução acontece a ritmo exponencial. A simulação feita no computa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

comportamento das diversas variáveis mostrava que a catástrofe era inevitável, caso não se<br />

tomass<strong>em</strong> medidas preventivas. A tragédia aconteceria <strong>em</strong> poucos anos, no fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> século<br />

XX, e seus principais sintomas seriam a exaustão <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais, a poluição<br />

industrial e a falta de alimentos. Havia, então, uma necessidade urgente de reconhecer os<br />

limites existentes no meio ambiente para o crescimento indefini<strong>do</strong> da economia e da<br />

população e, portanto, de estabilizar tanto uma quanto a outra (LEIS, 1999, p.83).<br />

No fi<strong>na</strong>l daquele mesmo 72 foi publica<strong>do</strong>, pela revista inglesa The Ecologist, o<br />

artigo “Blueprint for survival”, um outro influente <strong>do</strong>cumento que, corroboran<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

parte as teses <strong>do</strong> Clube de Roma, preconizava mudanças radicais nos mo<strong>do</strong>s de<br />

promoção <strong>do</strong> desenvolvimento econômico, defenden<strong>do</strong> a descentralização das decisões<br />

políticas, a diminuição das escalas de produção e a preocupação com a conservação<br />

ambiental. A idéia de determi<strong>na</strong>r limites ao crescimento, ou até mesmo impor o<br />

“crescimento zero”, sobressaia como a principal proposta defendida pelo pensamento<br />

ambientalista divulga<strong>do</strong> pelos cientistas <strong>na</strong>turais e pelos ativistas que participavam das<br />

primeiras instituições e organizações da sociedade civil preocupadas com a preservação<br />

e conservação ambientais. 56<br />

Na conferência de Estocolmo, a idéia de limitar ou mesmo congelar o<br />

crescimento econômico <strong>em</strong> prol da preservação ambiental foi recebida com<br />

desconfiança pelos países mais pobres. Como argumenta LEIS (1999), pareceu-lhes uma<br />

tentativa <strong>do</strong>s países industrializa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Norte para manter os laços de dependência <strong>do</strong>s<br />

países subdesenvolvi<strong>do</strong>s, limitan<strong>do</strong>, deste mo<strong>do</strong>, a possibilidade de acesso a um rápi<strong>do</strong><br />

incr<strong>em</strong>ento econômico a estes países. Foi, <strong>em</strong> parte, a reação <strong>do</strong>s países <strong>do</strong> Sul que<br />

determinou a ampliação <strong>do</strong> debate ambientalista, que passou a englobar, <strong>em</strong> suas<br />

56 As ONGs ambientalistas começaram a atuar no cenário mundial <strong>na</strong> década de 60. Em um primeiro momento<br />

tinham um perfil mais científico, com ênfase preservacionista. O WWF (World Wild Fund) foi cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1961, o<br />

Friends of Earth surgiu <strong>em</strong> 1969 e, <strong>em</strong> 1971, a mais famosa das ONGs ambientalistas, o Greenpeace.<br />

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