Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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I. AS ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS E A CONSTRUÇÃO SOCIAL DE<br />
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO<br />
O <strong>texto</strong> que segue procura a<strong>na</strong>lisar a história de um conjunto particular de ONGs<br />
que dedicaram sua ação à construção de propostas para a melhoria das condições<br />
organizativas e políticas de determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s segmentos ou grupos sociais. Utilizan<strong>do</strong> uma<br />
perspectiva histórica e revisan<strong>do</strong> a literatura que trata o t<strong>em</strong>a, procura-se compreender<br />
como a trajetória <strong>do</strong>s atores que formaram estas ONGs conferiu-lhes, <strong>em</strong> suas origens,<br />
uma identidade institucio<strong>na</strong>l opositora, dirigida ao Esta<strong>do</strong> e às suas propostas, e como<br />
esta trajetória determinou estratégias de ação que contribuíram para a renovação de<br />
determi<strong>na</strong>das compreensões sobre os valores, objetivos e méto<strong>do</strong>s que caracterizavam<br />
as ações de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento. A formação desta identidade institucio<strong>na</strong>l é<br />
a<strong>na</strong>lisada a partir <strong>do</strong>s con<strong>texto</strong>s vivencia<strong>do</strong>s por estas organizações a partir de mea<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s anos 70, quan<strong>do</strong> se consolidam, no Brasil, suas primeiras ações.<br />
Nesta análise, é possível identificar um momento inicial no qual as ONGs se<br />
relacio<strong>na</strong>vam prioritariamente com os movimentos sociais e com determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s setores<br />
progressistas de instituições religiosas, dedican<strong>do</strong> ênfase ao fortalecimento das lutas<br />
para o restabelecimento da d<strong>em</strong>ocracia e à extensão, aos grupos populares, de direitos<br />
políticos e sociais. No caso das ONGs que atuavam no apoio a organizações de<br />
agricultores ou <strong>em</strong> assessoria a entidades que os ajudavam, este mesmo con<strong>texto</strong> foi<br />
também marca<strong>do</strong> pela busca de alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas e organizacio<strong>na</strong>is para os que<br />
lutavam para ter acesso à terra e para os que enfrentavam dificuldades para nela<br />
permanecer<strong>em</strong>, produtivamente.<br />
Os anos 90 e as mudanças no con<strong>texto</strong> político trouxeram novas perspectivas<br />
para a ação das ONGs, com reflexos sobre os processos de construção de suas propostas<br />
de ação. A reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e a revisão de seu papel <strong>na</strong> impl<strong>em</strong>entação de políticas<br />
públicas conduziram os governos a buscar parcerias com organizações da sociedade<br />
civil para a condução de diversos projetos. As ONGs foram convocadas a cooperar <strong>em</strong><br />
ações conjuntas de diversos tipos e objetivos, conduzin<strong>do</strong> a um intenso processo de<br />
discussão sobre t<strong>em</strong>as como o caráter a ser assumi<strong>do</strong> pelas propostas nãogover<strong>na</strong>mentais<br />
e por suas institucio<strong>na</strong>lidades, no con<strong>texto</strong> de crescente interação com a<br />
gestão pública de políticas sociais.<br />
1.1 Organizações não-gover<strong>na</strong>mentais: uma novidade institucio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> promoção<br />
<strong>do</strong> desenvolvimento<br />
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