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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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e das associações locais. Estas, diante das políticas públicas executadas pelas<br />

institucio<strong>na</strong>lidades gover<strong>na</strong>mentais, procuram des<strong>em</strong>penhar um papel questio<strong>na</strong><strong>do</strong>r de<br />

suas concepções e des<strong>do</strong>bramentos.<br />

No Brasil, a AS-PTA, <strong>em</strong>bora não tenha si<strong>do</strong> a organização pioneira <strong>na</strong><br />

intervenção <strong>em</strong> apoio técnico a agricultores organiza<strong>do</strong>s, teve um papel político<br />

fundamental <strong>na</strong> diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>ção de propostas alter<strong>na</strong>tivas para enfrentar os probl<strong>em</strong>as que<br />

ating<strong>em</strong> as populações de agricultores mais pauperiza<strong>do</strong>s. A sua influência política se<br />

revelou tanto no debate sobre as tecnologias alter<strong>na</strong>tivas, no início de sua atuação,<br />

quan<strong>do</strong> a AS-PTA ainda era o Projeto de Tecnologias Alter<strong>na</strong>tivas da FASE (PTA-<br />

FASE), passan<strong>do</strong> pelo estímulo ao movimento pela agricultura alter<strong>na</strong>tiva, <strong>na</strong> metade<br />

<strong>do</strong>s anos 80, quanto, mais recent<strong>em</strong>ente, <strong>na</strong> propagação <strong>do</strong>s princípios da agroecologia<br />

como estratégia de desenvolvimento sustentável para a produção agrícola de base<br />

familiar.<br />

Na segunda metade da década de 80, o conjunto de ONGs lidera<strong>do</strong> pela PTA-<br />

FASE construiu, ao longo de suas trajetórias de atuação, uma forte identidade,<br />

compartilhada por profissio<strong>na</strong>is que elaboravam e difundiam leituras críticas sobre os<br />

processos de modernização da agricultura e de promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural.<br />

Principalmente sobre aqueles processos que ocorriam por meio de ações que tendiam a<br />

desconsiderar as especificidades culturais locais, a importância <strong>do</strong> fortalecimento<br />

político das organizações <strong>do</strong>s agricultores e a necessidade técnica de criação de mo<strong>do</strong>s<br />

de relação ecologicamente mais conseqüentes entre a agricultura e meio ambiente.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, tanto o processo de modernização <strong>do</strong> agro quanto as iniciativas<br />

gover<strong>na</strong>mentais que tentaram amenizar suas conseqüências nefastas eram<br />

diagnosticadas como fracassos marcantes, da institucio<strong>na</strong>lidade pública, <strong>na</strong> tentativa de<br />

gerar processos de desenvolvimento de caráter mais inclusivo e <strong>em</strong>ancipatório, capazes<br />

de aliviar a penúria econômica de milhões de pequenos produtores rurais. Por isso, a<br />

ação destas ONGs tendeu a buscar, por meio de um outro arranjo organizacio<strong>na</strong>l e da<br />

geração de inovações técnicas e meto<strong>do</strong>lógicas, alter<strong>na</strong>tivas à promoção de processos<br />

que conduziss<strong>em</strong> ao desenvolvimento das populações rurais de baixa renda.<br />

A AS-PTA se autodenomi<strong>na</strong> uma ONG que trabalha para promover um modelo<br />

de desenvolvimento rural. Ao longo de sua história, a afirmação <strong>do</strong> desejo de gerar uma<br />

outra concepção de desenvolvimento – adjetiva<strong>do</strong> de alter<strong>na</strong>tivo, sustentável ou local –<br />

foi incorporada aos seus objetivos e discursos. Hoje, nestes mesmos discursos, a palavra<br />

“desenvolvimento” aparece de mo<strong>do</strong> <strong>na</strong>tural, s<strong>em</strong>pre associada à sua proposta, cujo<br />

carro-chefe são os programas de desenvolvimento local. Também é um termo que<br />

freqüenta assiduamente os <strong>texto</strong>s produzi<strong>do</strong>s por m<strong>em</strong>bros da AS-PTA, <strong>em</strong>bora não seja<br />

defini<strong>do</strong> ou probl<strong>em</strong>atiza<strong>do</strong>. Ele, o desenvolvimento, aparece como um fato, um da<strong>do</strong><br />

da realidade ou mesmo uma necessidade. As interrogações são direcio<strong>na</strong>das às teorias e<br />

práticas que defend<strong>em</strong> um tipo de desenvolvimento que é visto como antagônico àquele<br />

proposto pela AS-PTA. Apesar da falta de reflexão sobre a noção de desenvolvimento, é<br />

interessante perceber que o discurso de recusa à promoção deste, nos moldes <strong>do</strong> que<br />

geralmente faz<strong>em</strong> as institucio<strong>na</strong>lidades gover<strong>na</strong>mentais, t<strong>em</strong> um papel central <strong>na</strong><br />

construção da identidade e intenções programáticas da AS-PTA e da rede de<br />

organizações que foi formada a partir de sua iniciativa nos anos 80. A própria idéia de<br />

uma agricultura alter<strong>na</strong>tiva, tão forte <strong>na</strong>quele perío<strong>do</strong>, deve parte de sua difusão e<br />

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