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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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desconsiderar quaisquer d<strong>em</strong>andas, necessidades ou especificidades das populações<br />

locais que não estivess<strong>em</strong> anteriormente previstas pelos formula<strong>do</strong>res das políticas de<br />

desenvolvimento. Os projetos eram, geralmente, impostos “de cima para baixo”, s<strong>em</strong><br />

que as populações locais foss<strong>em</strong> devidamente consultadas ou que a sua participação, <strong>em</strong><br />

sua elaboração e impl<strong>em</strong>entação, fosse considerada importante ou desejada. Embora<br />

estas populações foss<strong>em</strong> as principais afetadas pelas decisões políticas que<br />

determi<strong>na</strong>vam os rumos <strong>do</strong>s programas, o seu planejamento e a sua administração<br />

cabiam às burocracias estatais centralizadas ou aos técnicos de agências inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is<br />

que trabalhavam como consultores ou executores locais <strong>do</strong>s programas. Nesta<br />

perspectiva, as especificidades locais tor<strong>na</strong>vam-se meros objetos de intervenção para<br />

fins da promoção da mudança social (FONSECA, 1985, AMMAN, 1991).<br />

Os programas de desenvolvimento convencio<strong>na</strong>is geralmente enfatizavam uma<br />

racio<strong>na</strong>lidade estritamente econômica. A meta seria o crescimento econômico,<br />

essencialmente o <strong>do</strong> setor industrial, que, uma vez alcança<strong>do</strong>, proporcio<strong>na</strong>ria o<br />

desenvolvimento de todas as d<strong>em</strong>ais potencialidades sociais até então latentes. Esta<br />

crença era fundamentada <strong>na</strong> própria teoria econômica geral, para a qual o crescimento<br />

geraria, por efeito de propagação, benefícios para to<strong>do</strong>s os d<strong>em</strong>ais setores das<br />

sociedades (MALUF, 2000). Esta ênfase nos resulta<strong>do</strong>s macroeconômicos colocava <strong>em</strong><br />

um plano secundário outros objetivos. Para SANTOS & RODRÍGUEZ (2002, p.46), houve,<br />

historicamente, uma margi<strong>na</strong>lização “de outros objetivos sociais, econômicos e<br />

políticos”. Estes outros objetivos incluiriam a participação mais b<strong>em</strong> qualificada das<br />

populações atingidas pelos programas, uma preocupação com a “distribuição eqüitativa<br />

<strong>do</strong>s frutos <strong>do</strong> desenvolvimento e a preservação <strong>do</strong> meio ambiente”.<br />

Esta maneira de compreender o desenvolvimento e suas práticas decorrentes<br />

começaram a ser questio<strong>na</strong>das ainda nos anos 60, quan<strong>do</strong> ganhou força a discussão<br />

sobre os limites <strong>do</strong> crescimento econômico. 55 Estes debates, como informa BRÜSEKE<br />

(1995), representavam des<strong>do</strong>bramentos de um movimento que vinha ganhan<strong>do</strong> adeptos<br />

e força desde o início daquela década, colocan<strong>do</strong> <strong>em</strong> pauta os riscos da deterioração<br />

ambiental gera<strong>do</strong>s pelo crescimento econômico <strong>do</strong>s países industrializa<strong>do</strong>s. A percepção<br />

difundida <strong>na</strong> época relacio<strong>na</strong>va diretamente o crescimento econômico com a geração de<br />

desequilíbrios ambientais, principalmente. O movimento ambientalista, ainda incipiente,<br />

tomava forma a partir de estu<strong>do</strong>s de cientistas <strong>na</strong>turais, principalmente norteamericanos.<br />

De acor<strong>do</strong> com SANTOS & RODRÍGUEZ (2002), aquela época foi marcada<br />

por um intenso movimento de difusão de reflexões e realização de eventos que tentavam<br />

sintetizar críticas à abordag<strong>em</strong> tradicio<strong>na</strong>l de promoção desenvolvimento econômico e<br />

construir concepções alter<strong>na</strong>tivas. Na percepção de DIESEL (1994, p.36):<br />

(…) a década de 60 marca a orig<strong>em</strong> de uma percepção diferenciada quanto às relações<br />

sociedade-ambiente, ou pelo menos, delimita o momento <strong>em</strong> que tal preocupação começa a<br />

difundir-se para a população <strong>em</strong> geral nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Europa. Esta percepção se<br />

refere à complexidade e gravidade <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as ambientais. Complexidade devi<strong>do</strong> ao fato<br />

de ultrapassar<strong>em</strong> a esfera <strong>do</strong> local (as interdependências), <strong>do</strong> visível (apreensão <strong>do</strong>s efeitos<br />

55 SZTOMPKA (1998, p.61-2) identifica que, no campo das teorias sociais, foi “somente no trabalho de Ferdi<strong>na</strong>nd<br />

Tönnies (1885-1936) que surg<strong>em</strong> as primeiras dúvidas sobre a <strong>na</strong>tureza progressiva das mudanças e as primeiras<br />

advertências contra os efeitos colaterais <strong>do</strong> desenvolvimento (...) Tönnies enfatizou as virtudes da G<strong>em</strong>einschaf<br />

(comunidade) tradicio<strong>na</strong>l, <strong>em</strong> processo de substituição pela Gessellschaft (sociedade) moder<strong>na</strong>, industrial e<br />

urba<strong>na</strong>. Antecipou assim a ampla desilusão com o progresso, b<strong>em</strong> como um <strong>do</strong>s seus sintomas, a busca da<br />

‘comunidade perdida’, que iria diss<strong>em</strong>i<strong>na</strong>r-se um século mais tarde”.<br />

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