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práticas tradicio<strong>na</strong>is <strong>do</strong>s pequenos produtores e à agricultura “moder<strong>na</strong>”, <strong>do</strong> tipo<br />
“industrial” (WEID, 1985, p.10).<br />
Caberia ao PTA identificar estas experiências, caracterizá-las e avaliar o seu<br />
potencial de oferta de soluções aos diversos probl<strong>em</strong>as para os quais foram criadas.<br />
Naquele momento, para o grupo, havia, ao menos, <strong>do</strong>is indicativos sobre a importância<br />
de pesquisar tecnologias alter<strong>na</strong>tivas: o fato de a FASE, por intermédio de seu<br />
coorde<strong>na</strong><strong>do</strong>r <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, já ter se referi<strong>do</strong> ao t<strong>em</strong>a, por intermédio de uma consulta à CPT,<br />
<strong>em</strong> 1980, sobre o interesse que poderia haver no desenvolvimento de assessorias que<br />
possibilitass<strong>em</strong> apoio técnico nesta área; e o evento <strong>do</strong> I Encontro Brasileiro de<br />
Agricultura Alter<strong>na</strong>tiva (EBAA), realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Curitiba, no Paraná, <strong>em</strong> abril de 1981 85 ,<br />
que trouxe à ce<strong>na</strong> o debate sobre alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas à agricultura moder<strong>na</strong>, então<br />
relativamente restrito aos debates acadêmicos <strong>em</strong> alguns cursos de agronomia. Naquele<br />
mesmo ano, por iniciativa de Miguel Pressburguer, advoga<strong>do</strong> e, <strong>na</strong> época, assessor<br />
jurídico da CPT Nacio<strong>na</strong>l, o grupo de assessores entrou <strong>em</strong> contato com a FASE e, após<br />
a apresentação de argumentos e propostas, como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s entendimentos foi feito<br />
um acor<strong>do</strong> para buscar apoio fi<strong>na</strong>nceiro para a criação de um projeto técnico, vincula<strong>do</strong><br />
à FASE, para pesquisar e difundir tecnologias alter<strong>na</strong>tivas (WEID, 1988).<br />
(...) um el<strong>em</strong>ento importante a ser leva<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta é o fato de que a tecnologia alter<strong>na</strong>tiva<br />
ou apropriada se funda <strong>em</strong> grande parte no próprio saber prático <strong>do</strong> camponês. O inventário<br />
das distintas práticas e soluções tecnológicas tradicio<strong>na</strong>is, seu estu<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> e seu<br />
enriquecimento deverão constituir uma preocupação permanente <strong>na</strong> elaboração e execução<br />
de projetos concretos. Isto exigirá um trabalho sist<strong>em</strong>ático de pesquisa antropológica,<br />
econômica, de engenharia, etc. É o caso, por ex<strong>em</strong>plo, de distintas práticas de irrigação, de<br />
previsão meteorológica, de conservação e estocag<strong>em</strong> de produtos agrícolas, de<br />
consorciação e rotação de culturas, de aproveitamento de sub-produtos, de utilização de<br />
encostas, de geração de energia, etc. (PTA-FASE, 1988, p.22).<br />
A idéia de pesquisar tecnologias alter<strong>na</strong>tivas já tinha, <strong>na</strong>quela época, vários<br />
precedentes <strong>em</strong> experiências que se espalhavam por diversos países. 86 CARVALHO<br />
(1985) afirma que uma pesquisa, realizada <strong>em</strong> 1979 pela Organization for Economic<br />
Cooperation and Development (OECD) registrava a existência de quase 300<br />
instituições, <strong>em</strong> 80 países, que se dedicavam à questão das “tecnologias apropriadas”,<br />
que também eram desig<strong>na</strong>das de intermediárias ou alter<strong>na</strong>tivas. A maioria destas<br />
organizações assumiu um formato institucio<strong>na</strong>l muito próximo àquele que passou a<br />
caracterizar as ONGs que se dedicaram à t<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> desenvolvimento rural, ou seja,<br />
organizavam-se <strong>em</strong> espaços sociais relativamente autônomos à esfera gover<strong>na</strong>mental e<br />
aos <strong>em</strong>preendimentos de caráter estritamente lucrativo, direcio<strong>na</strong>vam sua ação aos<br />
grupos margi<strong>na</strong>liza<strong>do</strong>s pelas políticas públicas, compartilhavam uma visão crítica sobre<br />
os rumos das intervenções estatais <strong>em</strong> prol <strong>do</strong> desenvolvimento e realizavam, de um<br />
85 Naquele mesmo ano aconteceu <strong>em</strong> Porto Alegre, no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, o I Curso de Agricultura Biológica,<br />
promovi<strong>do</strong> pela Sociedade de Agronomia <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul (SARGRS), evento <strong>do</strong> qual participaram<br />
diversos técnicos de universidades, centros de pesquisa e entidades relacio<strong>na</strong>das ao desenvolvimento rural. “Este<br />
curso foi o marco inicial da criação de um movimento pela agricultura alter<strong>na</strong>tiva no Brasil. A partir dele<br />
desencadeou uma série de outros eventos, s<strong>em</strong>inários, cursos, encontros, trei<strong>na</strong>mentos, amplian<strong>do</strong> o número de<br />
técnicos, agrônomos, veterinários, zootecnistas, biólogos, entre outros profissio<strong>na</strong>is, interessa<strong>do</strong>s nos novos<br />
conhecimentos trazi<strong>do</strong>s pelo enfoque alter<strong>na</strong>tivo” (MELO, 1993, p.150).<br />
86 WEID (1997, p.16), informa que além <strong>do</strong> PTA-FASE, no perío<strong>do</strong> entre 1982 e 1987 a Empresa Brasileira de<br />
Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER) realizou o Programa de Tecnologias Apropriadas, com<br />
apoio <strong>do</strong> Groupe de Recherche et Etudes Technologiques (GRET), para catalogar experiências com este tipo de<br />
tecnologias <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o Brasil.<br />
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