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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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Ao longo da década de 80, os serviços de extensão rural foram reorienta<strong>do</strong>s a<br />

intensificar sua presença junto aos pequenos produtores, pautan<strong>do</strong> seus objetivos pela<br />

promoção da participação, com ênfase <strong>em</strong> méto<strong>do</strong>s educativos (PINHEIRO, 1995).<br />

Naquela época, a mercantilização <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> rural, como resulta<strong>do</strong> da modernização <strong>do</strong>s<br />

sist<strong>em</strong>as produtivos, estimulou o aparecimento de diversas cooperativas de produção<br />

(que geralmente tinham um serviço de assistência técnica próprio) e de <strong>em</strong>presas<br />

privadas de prestação de assessoria técnica (BRANDEMBURG, 1993). Contan<strong>do</strong> com este<br />

aparato, os médios e grandes produtores se distanciavam <strong>do</strong>s serviços públicos,<br />

buscan<strong>do</strong> orientação e assistência <strong>em</strong> cooperativas e <strong>em</strong>presas privadas. Este fato foi<br />

mais um incentivo para que os órgãos oficiais de extensão rural reviss<strong>em</strong> objetivos e<br />

decidiss<strong>em</strong>, afi<strong>na</strong>l, qual seria o público-alvo prioritário de sua intervenção.<br />

Há qu<strong>em</strong> diga que a extensão rural teria revisa<strong>do</strong> sua política e diretrizes de trabalho <strong>em</strong><br />

virtude <strong>do</strong> risco de se ter o cria<strong>do</strong>r devora<strong>do</strong> pela criatura, já que os produtores de médio e<br />

grande porte optaram por receber orientação técnica através das cooperativas e da iniciativa<br />

privada. De qualquer mo<strong>do</strong>, a característica de atividades agrícolas diversificadas <strong>na</strong><br />

peque<strong>na</strong> propriedade exigiu da extensão rural a retomada <strong>do</strong> entendimento da “propriedade<br />

agrícola como um to<strong>do</strong>” e, portanto, da visão eclética e sistêmica <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as da<br />

agricultura (MUZILLI, 1989, p.144).<br />

Também a pesquisa agronômica viveu momentos de mudança. A recomendação<br />

era redirecio<strong>na</strong>r as prioridades de pesquisa, deslocan<strong>do</strong> a ênfase das grandes culturas e<br />

das ótimas condições de cultivo e criação para enfocar a situação <strong>do</strong>s pequenos<br />

produtores e de suas culturas de autoconsumo, geralmente conduzidas <strong>em</strong> condições<br />

ambientais precárias. O incentivo à participação <strong>do</strong>s agricultores – principalmente por<br />

meio de práticas de diagnóstico – e ao uso de enfoques de conhecimento mais<br />

sistêmicos tor<strong>na</strong>ram-se el<strong>em</strong>entos nortea<strong>do</strong>res da reorientação <strong>do</strong>s discursos sobre<br />

pesquisa e desenvolvimento nos anos 80. Em 1981, por ex<strong>em</strong>plo, o Conselho Nacio<strong>na</strong>l<br />

de desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) deu início ao Programa de<br />

Tecnologias Poupa<strong>do</strong>ras de Insumos, objetivan<strong>do</strong> pesquisar e identificar aquelas<br />

tecnologias que “busqu<strong>em</strong> mobilizar harmonicamente to<strong>do</strong>s os recursos disponíveis <strong>na</strong><br />

unidade de produção” (CNPq, 1981, p.4). No campo político, o acirramento da crise<br />

econômica e o crescimento <strong>do</strong>s movimentos sociais tiveram o mérito de colocar <strong>em</strong><br />

debate os verdadeiros objetivos da intervenção gover<strong>na</strong>mental: afi<strong>na</strong>l, a qu<strong>em</strong> deveriam<br />

servir prioritariamente a pesquisa agronômica e os aparatos de extensão rural? Este<br />

quadro conjuntural de incertezas contribuiu para reorientações e reformas no campo<br />

gover<strong>na</strong>mental da promoção <strong>do</strong> desenvolvimento rural.<br />

No entanto, a apropriação <strong>do</strong> pensamento crítico sobre a agricultura moder<strong>na</strong> e<br />

sobre o processo de modernização foi, <strong>na</strong> institucio<strong>na</strong>lidade gover<strong>na</strong>mental, relativizada<br />

pela conjuntura de crise econômica e pela conjuntura de crise <strong>do</strong> próprio Esta<strong>do</strong>. Neste<br />

con<strong>texto</strong>, as alter<strong>na</strong>tivas tenderam a ser valoradas instrumentalmente e, quan<strong>do</strong> muito,<br />

salvo raras exceções, representaram m<strong>aqui</strong>agens discursivas, de alcance bastante<br />

limita<strong>do</strong> quanto às possibilidades de transformação da agência gover<strong>na</strong>mental <strong>em</strong> prol<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento.<br />

Tanto o [enfoque] Farmer First quanto o PRA [Diagnóstico Rural Participativo] mantém a<br />

mesma abordag<strong>em</strong> linear de intervenção planejada e os conceitos implícitos de<br />

desenvolvimento e participação não representam nenhuma mudança substancial <strong>em</strong><br />

comparação a enfoques anteriores. Na prática, <strong>em</strong> conseqüência, os resulta<strong>do</strong>s estão<br />

fazen<strong>do</strong> pouca diferença (PINHEIRO, 1995, p.1341).<br />

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