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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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Para as redes de intercâmbio e para os CTAs, o principal fator limitante a esta<br />

estratégia de difusão de informações era a insuficiência de “anima<strong>do</strong>res” para coorde<strong>na</strong>r<br />

cada um <strong>do</strong>s momentos <strong>do</strong> processo. Em cada situação particular era necessário haver<br />

um técnico da rede para, junto aos agricultores, apresentar as soluções tecnológicas<br />

identificadas <strong>em</strong> outras situações. A presença de um componente da rede, devidamente<br />

capacita<strong>do</strong>, era imprescindível, visto que a comunicação escrita esbarrava nos limites<br />

impostos pelos baixos índices de alfabetização <strong>do</strong>s agricultores. Além disso, as novas<br />

tecnologias, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> caso, d<strong>em</strong>andavam exaustivas d<strong>em</strong>onstrações para<br />

convencer os agricultores sobre a importância das mudanças propostas, ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que lhes ensi<strong>na</strong>sse como proceder. Portanto, o elo entre estas experiências<br />

acumuladas (e não compartilhadas) e aqueles que d<strong>em</strong>andavam por soluções dependia,<br />

principalmente, da ação de técnicos/anima<strong>do</strong>res <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os níveis desta cadeia de troca<br />

de informações, já que, supunha-se, as soluções, <strong>em</strong>bora carentes de adaptação local, já<br />

estavam disponíveis.<br />

A realidade d<strong>em</strong>onstrou que esta estratégia de extensão rural raramente<br />

funcionou (WEID, 1997). Como não havia técnicos <strong>em</strong> número suficiente para unir<br />

to<strong>do</strong>s os elos <strong>do</strong> circuito, as equipes, geralmente, delegavam às lideranças das<br />

organizações de pequenos produtores e <strong>do</strong>s sindicatos de trabalha<strong>do</strong>res rurais,<br />

principalmente, esta função de anima<strong>do</strong>res da rede de intercâmbio. Evident<strong>em</strong>ente não<br />

capacitadas e, <strong>em</strong> alguns casos, desinteressadas <strong>em</strong> realizar este trabalho, as lideranças<br />

tenderam a privilegiar ações políticas (de sensibilização <strong>do</strong>s agricultores) <strong>em</strong> detrimento<br />

<strong>do</strong> apoio às ações técnicas de difusão de novas tecnologias, fragilizan<strong>do</strong>, deste mo<strong>do</strong>, o<br />

intercâmbio de experiências. Ad<strong>em</strong>ais, diante da situação de pobreza vivenciada pela<br />

maioria <strong>do</strong>s agricultores, a sua própria participação no processo de difusão era limitada<br />

pela ausência de apoio externo para facilitar os deslocamentos a outras comunidades,<br />

para participar de reuniões ou cursos ou para compensar os dias de trabalho perdi<strong>do</strong>s.<br />

Diante deste quadro, os técnicos das equipes ficavam sobrecarrega<strong>do</strong>s de tarefas, pois<br />

não tinha outro méto<strong>do</strong> de comunicação alter<strong>na</strong>tivo à apresentação oral das propostas e<br />

esta era uma tarefa a ser realizada por eles mesmos (PTA-FASE, 1988).<br />

A relação com as lideranças com as lideranças sindicais eram tão necessárias<br />

quanto complexas. Elas se inseriam <strong>na</strong> complexidade das relações políticas locais e<br />

dependiam da aceitação destas lideranças à proposta das equipes da Rede, <strong>do</strong> mo<strong>do</strong><br />

como eles a percebiam e como a inseriam <strong>na</strong>s disputas políticas que participavam. De<br />

um mo<strong>do</strong> geral, havia afinidade entre a proposta de transformação social que<br />

fundamentava a proposta das equipes de TA e <strong>do</strong>s CTAs e os sindicalistas. Os<br />

sindicatos “sensibiliza<strong>do</strong>s” faziam parte da mesma rede de atores que deram suporte ao<br />

surgimento <strong>do</strong> PTA-FASE, ou seja, agentes religiosos, muitos deles liga<strong>do</strong>s a CEBs e à<br />

CPT, e ativistas de esquerda liga<strong>do</strong>s ao Parti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res e à Central Única <strong>do</strong>s<br />

Trabalha<strong>do</strong>res. Deste mo<strong>do</strong>, a aproximação e afinidade entre as propostas foi, <strong>na</strong>s<br />

palavras de Jean Marc (WEID, 1997, p.15), “enorme, mas enganosa”.<br />

Os sindicalistas viam <strong>na</strong> proposta de uma agricultura alter<strong>na</strong>tiva divulgada pelo<br />

PTA a possibilidade de imprimir um caráter mais propositivo à sua intervenção, de<br />

mo<strong>do</strong> a satisfazer tanto as d<strong>em</strong>andas de suas bases quanto a fortalecer as relações <strong>do</strong><br />

sindicato <strong>na</strong> dinâmica política local. Não imagi<strong>na</strong>m, no entanto, os des<strong>do</strong>bramentos<br />

práticos que faziam parte das expectativas das ONGs da rede. Para elas os sindicatos<br />

deveriam atuar como promotores locais de ações de identificação e difusão de<br />

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