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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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Os bancos de s<strong>em</strong>entes comunitários eram compl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>s com a oferta de uma<br />

série de práticas e mo<strong>do</strong>s de gestão que buscavam, conjuntamente, dar mais estabilidade<br />

aos sist<strong>em</strong>as de produção, enfatizan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is principais fatores limitantes: o acesso a<br />

s<strong>em</strong>entes para instalação <strong>do</strong>s cultivos e a disponibilidade de água para consumo humano<br />

e para a manutenção <strong>do</strong>s cultivos e rebanhos. Houve, então, a preocupação de introduzir<br />

novas técnicas de armaze<strong>na</strong>mento de água, adaptan<strong>do</strong> procedimentos que já haviam si<strong>do</strong><br />

b<strong>em</strong> sucedi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> outros con<strong>texto</strong>s. As cister<strong>na</strong>s de placas de cimento pré-molda<strong>do</strong> se<br />

desti<strong>na</strong>vam a armaze<strong>na</strong>r água para consumo da família, evitan<strong>do</strong>, deste mo<strong>do</strong>, os longos<br />

deslocamentos <strong>em</strong> perío<strong>do</strong>s de estiag<strong>em</strong> para ter acesso à água. Esta fonte também<br />

poderia ser ocasio<strong>na</strong>lmente usada para irrigação de hortas que ficavam próximas às<br />

moradias, nos quintais. Representam uma importante fonte de autonomia e segurança de<br />

abastecimento para as famílias. Uma outra novidade introduzida foram as barragens<br />

subterrâneas construídas nos leitos de riachos. Nos perío<strong>do</strong>s secos, estas barragens<br />

forneciam água para irrigação, uma inovação para os agricultores acostuma<strong>do</strong>s, nestes<br />

perío<strong>do</strong>s, a cultivar variedades de sequeiro, isto é, aquelas que cresciam com a pouca<br />

água disponível no ambiente.<br />

Para melhorar a segurança alimentar <strong>do</strong>s rebanhos nos perío<strong>do</strong>s de estiag<strong>em</strong><br />

foram introduzidas, <strong>em</strong> algumas comunidades, novas técnicas de produção de plantas<br />

forrageiras que foss<strong>em</strong> mais resistentes aos perío<strong>do</strong>s de seca e permitiss<strong>em</strong> a silag<strong>em</strong>.<br />

Também houve a preocupação <strong>em</strong> rearborizar as propriedades, introduzin<strong>do</strong> espécies<br />

<strong>na</strong>tivas e algumas exóticas, de mo<strong>do</strong> a possibilitar aos agricultores uma outra fonte de<br />

recursos <strong>na</strong>turais. As árvores, de acor<strong>do</strong> com a espécie cultivada, poderiam ser fonte de<br />

lenha, forrag<strong>em</strong> para os animais ou r<strong>em</strong>édios. A estratégia foi estimular o uso <strong>integra</strong><strong>do</strong><br />

de várias destas alter<strong>na</strong>tivas tecnológicas, adaptan<strong>do</strong>-as de acor<strong>do</strong> com a situação<br />

específica <strong>na</strong> qual seriam aplicadas.<br />

Cada agricultor escolhe as propostas que deseja testar e a seqüência da incorporação das<br />

várias técnicas mas o aporte <strong>do</strong> programa visa favorecer a experimentação mais abrangente<br />

possível, nos ritmos e possibilidades de cada produtor. As práticas propostas têm caráter<br />

multifuncio<strong>na</strong>l por promover<strong>em</strong> impactos sistêmicos e relacio<strong>na</strong>r<strong>em</strong> estreitamente os três<br />

princípios estratégicos acima mencio<strong>na</strong><strong>do</strong>s 116 e desta <strong>integra</strong>ção resulta que a incorporação<br />

de cada prática leva o agricultor a interessar-se por outras práticas relacio<strong>na</strong>das conduzin<strong>do</strong><br />

a um processo de transição agroecológica <strong>do</strong>s seus sist<strong>em</strong>as de produção tradicio<strong>na</strong>is<br />

(WEID, 2003, p.8).<br />

Ao aderir<strong>em</strong> à proposta de transição agroecológica defendida pela AS-PTA, o<br />

processo organizativo local entrou <strong>em</strong> uma nova dinâmica. Surgiram novas estruturas<br />

organizativas para dar conta das inovações introduzidas, como os grupos de<br />

agricultores-experimenta<strong>do</strong>res, e se fortaleceram organizações já existentes, como os<br />

bancos de s<strong>em</strong>entes, as associações comunitárias e os sindicatos. Os novos méto<strong>do</strong>s e<br />

lógicas de trabalho eram introduzi<strong>do</strong>s no desenrolar <strong>do</strong>s processos, que incluíam o<br />

aprendiza<strong>do</strong> sobre os novos termos que entravam <strong>em</strong> ce<strong>na</strong> <strong>na</strong> negociação com<br />

lideranças políticas e autoridades das instituições locais.<br />

Neste con<strong>texto</strong> de interações sociais mais amplas, orientadas por novas<br />

d<strong>em</strong>andas, as organizações locais – sindicatos e associações de agricultores<br />

116 O autor se refere aos seguintes princípios: (a) manutenção da biodiversidade funcio<strong>na</strong>l; (b) formação de<br />

estoques de segurança e manejo de recursos hídricos; e (c) valoração produtiva de espaços limita<strong>do</strong>s com alta<br />

produtividade biológica.<br />

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