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Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ

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A precária condição econômica da maioria <strong>do</strong>s agricultores, por sua vez, os<br />

tor<strong>na</strong> <strong>na</strong>turalmente resistentes aos riscos que se associam às mudanças <strong>em</strong> seus sist<strong>em</strong>as<br />

de produção. O fato de não ter<strong>em</strong> condições mínimas para investir faz com que os<br />

processos de inovação sejam ainda mais limita<strong>do</strong>s. Estes processos passam a depender<br />

de recursos mobiliza<strong>do</strong>s pela própria AS-PTA por meio <strong>do</strong>s projetos que executa ou por<br />

intermédio de mecanismos, ainda pouco difundi<strong>do</strong>s, como os créditos rotativos<br />

administra<strong>do</strong>s por cooperativas, sindicatos ou associações de agricultores. Somente <strong>em</strong><br />

2003 o Programa Nacio<strong>na</strong>l de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pro<strong>na</strong>f) abriu<br />

uma linha de crédito para projetos basea<strong>do</strong>s <strong>em</strong> critérios agroecológicos. 122 Antes, não<br />

havia essa possibilidade.<br />

Estas condições [<strong>do</strong>s agricultores] de dificuldade e até de extr<strong>em</strong>a pobreza têm suas<br />

implicações para o trabalho da AS-PTA, pois indicam que não só os agricultores não têm<br />

como investir <strong>em</strong> novas tecnologias como também não pod<strong>em</strong> correr riscos e, muitas vezes,<br />

sequer têm disponibilidade de t<strong>em</strong>po para participar das dinâmicas de desenvolvimento<br />

local, pois estão obriga<strong>do</strong>s a buscar formas de sobrevivência que os afastam das suas<br />

propriedades. A resposta a estes limitantes é a de buscar tecnologias ao alcance das suas<br />

condições, limitar ao máximo as margens de risco e fi<strong>na</strong>nciar a participação <strong>do</strong>s mais<br />

pobres nos processos, pelo menos garantin<strong>do</strong> transporte e alimentação (AS-PTA, 2001,<br />

p.10).<br />

O terceiro fator que impulsio<strong>na</strong> a proposta <strong>em</strong> direção à institucio<strong>na</strong>lidade<br />

pública é a conjuntura de incertezas quanto à manutenção <strong>do</strong>s fi<strong>na</strong>nciamentos externos<br />

aos projetos manti<strong>do</strong>s pela AS-PTA. Por um la<strong>do</strong>, há si<strong>na</strong>is de que, a curto e médio<br />

prazos, os recursos das agências de cooperação inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l aos projetos de<br />

desenvolvimento tenderão, de um mo<strong>do</strong> geral, a diminuir, principalmente a parte que<br />

cabe às iniciativas direcio<strong>na</strong>das ao mun<strong>do</strong> rural. O combate à pobreza nos centros<br />

urbanos, neste novo con<strong>texto</strong>, teria prioridade. Por outro la<strong>do</strong>, este mesmo cenário já<br />

havia si<strong>do</strong> enuncia<strong>do</strong> no início <strong>do</strong>s anos 90, quan<strong>do</strong> se vislumbrava a retração <strong>do</strong>s<br />

recursos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e o aumento da participação <strong>do</strong> setor público no fi<strong>na</strong>nciamento a<br />

projetos conduzi<strong>do</strong>s por organizações da sociedade civil. Para as ONGs que trabalham<br />

com a t<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> desenvolvimento rural esta perspectiva não se concretizou. As fontes<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is mantiveram certa estabilidade e o acesso aos recursos públicos não se<br />

tornou uma realidade. A obtenção destes recursos, regulamentada pela Lei das OSCIPs<br />

<strong>em</strong> 1999, foi associada à necessidade de alcançar “resulta<strong>do</strong>s concretos” <strong>em</strong> curto prazo,<br />

o que, de certa forma, se tor<strong>na</strong> incompatível com o tipo de trabalho de assessoria que se<br />

des<strong>do</strong>bra <strong>em</strong> processos longos, cujos resulta<strong>do</strong>s são pouco tangíveis. Neste cenário<br />

pouco favorável, uma alter<strong>na</strong>tiva seria participar cada vez mais da partilha <strong>do</strong>s recursos<br />

públicos desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s à agricultura familiar:<br />

Esses recursos cresceram de forma ponderável nos últimos anos, <strong>em</strong>bora permaneçam<br />

muito mal orienta<strong>do</strong>s e com baixa eficiência no apoio à reversão da crise de<br />

sustentabilidade da agricultura familiar. Como a reorientação da utilização destes recursos<br />

depende sobretu<strong>do</strong> de decisão política, será essencial que as organizações <strong>do</strong>s agricultores<br />

se prepar<strong>em</strong> para reivindicar uma nova abordag<strong>em</strong> (AS-PTA, 2001, p.14).<br />

122 De acor<strong>do</strong> com o site <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento Agrário <strong>na</strong> internet, o Pro<strong>na</strong>f Agroecologia<br />

“incentivará projetos seja para a produção agroecológica ou para a transição rumo a uma agricultura sustentável.<br />

O governo estimulará o adequa<strong>do</strong> manejo <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais, agregan<strong>do</strong> renda e qualidade de vida aos<br />

agricultores familiares”. Há ainda não há estu<strong>do</strong>s sobre os des<strong>do</strong>bramentos da abertura desta linha de crédito.<br />

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