Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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ocasião que trabalhou <strong>em</strong> um projeto de pesquisa sobre o uso de méto<strong>do</strong>s e tecnologias<br />
alter<strong>na</strong>tivas para enfrentar condições adversas para a produção agrícola. Em um <strong>texto</strong> <strong>do</strong><br />
fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong>s anos 80, ele descreveu da seguinte maneira os primeiros passos <strong>do</strong> que se<br />
tor<strong>na</strong>ria o “Projeto de Tecnologias Alter<strong>na</strong>tivas”, cria<strong>do</strong> três anos depois da experiência<br />
de Parati:<br />
Em 1980 queríamos montar uma equipe pluridiscipli<strong>na</strong>r de assessoria técnica a pequenos<br />
produtores. Para grupos organiza<strong>do</strong>s, é claro. Para apoiar as lutas no campo, é óbvio. Mas<br />
não tínhamos a menor idéia <strong>do</strong> que foss<strong>em</strong> tecnologias alter<strong>na</strong>tivas, agricultura orgânica<br />
etc. Ainda l<strong>em</strong>bro da incredibilidade com que eu e Sílvio ouvimos, no exílio, <strong>em</strong> Paris, lá<br />
por 1977, uma palestra de um americano profético questio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> a racio<strong>na</strong>lidade<br />
econômica, ecológica e social da moder<strong>na</strong> agricultura <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s. Não, <strong>em</strong> 1980 a<br />
proposta era intervir <strong>na</strong> organização da produção e da comercialização ao nível das<br />
comunidades para otimizar o uso da terra e da mão-de-obra e melhorar as relações de força<br />
no relacio<strong>na</strong>mento com o merca<strong>do</strong>. Estes aspectos <strong>do</strong> trabalho eram por nós <strong>do</strong>mi<strong>na</strong><strong>do</strong>s,<br />
com a nossa formação e experiência como agroeconomistas. Quanto à tecnologia,<br />
considerávamos a priori que, <strong>do</strong> cabedal de conhecimentos e informações da agricultura<br />
moder<strong>na</strong>, um agrônomo com sensibilidade político-social poderia dar conta de selecio<strong>na</strong>r e<br />
difundir o que fosse acessível aos pequenos produtores (...) A idéia era, portanto, simples.<br />
Conseguir fi<strong>na</strong>nciamento para uma equipe de três pessoas: agroeconomista, sociólogo e<br />
agrônomo para dar assessoria a comunidades rurais (...) Enquanto se discutiam os recursos,<br />
montamos uma assessoria de “fim de s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>” (WEID, 1988, p.2).<br />
Na fala <strong>do</strong> Jean Marc percebe-se como a idéia de uma proposta <strong>em</strong> construção à<br />
medida <strong>do</strong> contato com a realidade já era uma referência antes mesmo da criação <strong>do</strong><br />
PTA. Não havia fórmulas mirabolantes ou soluções predefinidas, mas tão somente o<br />
desejo de intervir <strong>na</strong> realidade para modificar uma situação desfavorável, acreditan<strong>do</strong><br />
que o probl<strong>em</strong>a principal poderia ser resolvi<strong>do</strong> com a introdução de novas tecnologias<br />
nos sist<strong>em</strong>as produtivos, melhoran<strong>do</strong>, assim, a relação <strong>do</strong>s agricultores com o merca<strong>do</strong>.<br />
O confronto com a realidade daqueles agricultores foi revelan<strong>do</strong>, no entanto, que n<strong>em</strong> a<br />
experiência profissio<strong>na</strong>l deste pequeno grupo de profissio<strong>na</strong>is n<strong>em</strong> o “cabedal de<br />
conhecimentos e informações da agricultura moder<strong>na</strong>” eram insuficientes para oferecer<br />
alter<strong>na</strong>tivas àquela realidade. Assim, ela se tornou <strong>em</strong> fonte de aprendiza<strong>do</strong> e de<br />
elaboração da proposta de intervenção.<br />
As condições de produção <strong>do</strong> local revelaram que, para o cultivo comercial de<br />
ba<strong>na</strong><strong>na</strong>, as condições de solos eram precárias, o que d<strong>em</strong>andaria eleva<strong>do</strong>s investimentos<br />
para torná-los minimamente competitivos <strong>em</strong> termos econômicos. Além disso, os<br />
assessores tinham que buscar alter<strong>na</strong>tivas às dificuldades <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de ba<strong>na</strong><strong>na</strong> <strong>na</strong><br />
região e a impossibilidade, a curto ou médio prazo, para converter os sist<strong>em</strong>as de<br />
produção da região para outros cultivos alter<strong>na</strong>tivos e supostamente mais rentáveis,<br />
como a produção de hortaliças (WEID, 1997). Diante da situação, mesmo que houvesse<br />
condições de fi<strong>na</strong>nciamento para um projeto de intervenção melhor estrutura<strong>do</strong>, o grupo<br />
avaliou que, ainda assim, haveria necessidade de subsídio fi<strong>na</strong>nceiro aos agricultores, o<br />
que, provavelmente, lhes traria insegurança e risco, uma vez que assumiriam dívidas.<br />
Além de depender<strong>em</strong> da oferta de assistência técnica contínua <strong>na</strong> fase de mudança <strong>do</strong>s<br />
seus sist<strong>em</strong>as de cultivo.<br />
A situação vivenciada colocou para o grupo a questão mais ampla <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a<br />
da viabilidade da peque<strong>na</strong> produção agrícola. A circunstância particular, <strong>na</strong> leitura que<br />
faziam, era representativa da realidade de milhões de pequenos agricultores <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o<br />
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