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legítimo deste que obedecesse ao apelo ético por prudência (GUIMARÃES, 1997). Esta<br />
nova postura teve des<strong>do</strong>bramentos surpreendentes. Ela se refletiu, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>na</strong><br />
crescente d<strong>em</strong>anda por a<strong>do</strong>ção de padrões ambientais pelas <strong>em</strong>presas e indústrias. Uma<br />
d<strong>em</strong>anda reclamada e difundida não ape<strong>na</strong>s pelos movimentos sociais ambientalistas ou<br />
pelos políticos ou governos identifica<strong>do</strong>s pela causa ecológica, mas, principalmente, por<br />
determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s setores <strong>do</strong> <strong>em</strong>presaria<strong>do</strong> inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Em 1992, o Conselho Empresarial<br />
para o Desenvolvimento Sustentável – funda<strong>do</strong> <strong>do</strong>is anos antes por várias <strong>em</strong>presas<br />
multi<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is – publicou o relatório “Changing Course”, argumentan<strong>do</strong> a necessidade<br />
de mudanças <strong>na</strong> economia e nos negócios <strong>em</strong> favor de práticas produtivas que foss<strong>em</strong><br />
ambientalmente mais sustentáveis. Parte <strong>do</strong> <strong>em</strong>presaria<strong>do</strong> <strong>do</strong>s países mais ricos buscava<br />
d<strong>em</strong>arcar o seu lugar <strong>na</strong> institucio<strong>na</strong>lidade <strong>do</strong> desenvolvimento, tentan<strong>do</strong>, neste<br />
processo, agregar valor à idéia da promoção da sustentabilidade ambiental. Justo <strong>em</strong> um<br />
momento <strong>em</strong> que havia um reclame, de caráter ideológico neoliberal, para a retração <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> seu papel de principal promotor <strong>do</strong> desenvolvimento.<br />
The success of mainstream sustai<strong>na</strong>ble development is due very largely to the compatibility<br />
of the technocratic, ma<strong>na</strong>gerial, capitalist and modernist ideology it draws from northern<br />
environmentalism with Western economic development theory and development practice<br />
(ADAMS, 1995, p.93).<br />
A aceitação da sustentabilidade – social, econômica e ambiental – como<br />
parâmetro para a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento foi referendada por representantes de<br />
governos, cientistas, políticos e ativistas sociais durante a Conferência da ONU sobre<br />
Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), realizada <strong>em</strong> 1992 no Rio de Janeiro.<br />
Paralelo à conferência foi realiza<strong>do</strong> o Fórum Mundial, reunião de diversas entidades da<br />
sociedade civil e ONGs de mais de 150 países. A Rio-92, como ficou conhecida a<br />
conferência e seus encontros paralelos, deu enorme visibilidade ao debate ambientalista<br />
e às organizações da sociedade civil, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que deixou a impressão de ter<br />
alcança<strong>do</strong> poucos avanços concretos – diante das enormes expectativas positivas criadas<br />
com o anúncio de sua realização e durante a mobilização social de preparação para o<br />
encontro – principalmente <strong>em</strong> relação a possibilidade de avanços <strong>na</strong> capacidade global<br />
de gover<strong>na</strong>bilidade da crise ambiental (VARGAS, 1997, LEIS, 1999). O <strong>do</strong>cumento mais<br />
importante da conferência foi a Agenda 21, uma carta de intenções que, de acor<strong>do</strong> com<br />
FISHER (1998), combi<strong>na</strong> duas perspectivas de ação sobre o desenvolvimento, uma que<br />
enfatiza a necessidade de acesso aos recursos pelos mais pobres e uma outra preocupada<br />
com a administração sustentável <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais. Para monitorar o cumprimento<br />
das recomendações da Agenda 21 e referendar decisões gover<strong>na</strong>mentais foi criada a<br />
Comissão para o Desenvolvimento Sustentável, que parece não ter i<strong>do</strong> muito além das<br />
boas intenções que fundamentaram sua criação.<br />
Este amplo processo de revisão das idéias sobre a promoção <strong>do</strong> desenvolvimento<br />
ocorreu <strong>em</strong> um con<strong>texto</strong> histórico mundial também marca<strong>do</strong> por profundas<br />
transformações sociais. STIGLITZ (1998) argumenta que foram três os principais eventos<br />
defini<strong>do</strong>res das mudanças <strong>na</strong>s estratégias de desenvolvimento desde a década de 80: o<br />
colapso das economias socialistas/comunistas e o fim da Guerra Fria, os limites e<br />
resulta<strong>do</strong>s das políticas públicas inspiradas no Consenso de Washington e o milagre<br />
econômico <strong>do</strong> leste asiático e sua crise. Com o fim da Guerra Fria parecia que o debate<br />
ideológico também chegava ao fim, o merca<strong>do</strong> assumia o centro da economia, ao passo<br />
que o Esta<strong>do</strong> deveria ter um papel mais regula<strong>do</strong>r e menos <strong>em</strong>preende<strong>do</strong>r. Os rumos da<br />
promoção <strong>do</strong> desenvolvimento, livres <strong>do</strong>s ditames ideológicos, deveriam se adaptar às<br />
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