Faça aqui o download do texto na integra em pdf. - R1 - UFRRJ
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Vários movimentos se gestaram e ganharam força, nos quais havia uma presença<br />
expressivas de profissio<strong>na</strong>is, intelectuais e estudantes, <strong>na</strong> sua maioria preocupa<strong>do</strong>s com as<br />
transformações sociais e econômicas. O proletaria<strong>do</strong> urbano e rural vê modificada sua<br />
relação de forças com a burguesia e, <strong>em</strong> conjunto com outras frações das classes<br />
subalter<strong>na</strong>s, como o campesi<strong>na</strong>to, organiza-se e adquire força reivindicatória por direitos e<br />
mudanças estruturais (WANDERLEY, 1993, pp.27-8).<br />
Para os trabalha<strong>do</strong>res rurais, a luta pela terra forjava-se como principal bandeira<br />
de mobilização. A sua crescente organização se incr<strong>em</strong>entou com o surgimento das<br />
primeiras Ligas Camponesas <strong>em</strong> Goiás e no Triângulo Mineiro no começo <strong>do</strong>s anos 50,<br />
pouco depois se expandin<strong>do</strong> ao Nordeste. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, aumentava a ocorrência de<br />
greves de trabalha<strong>do</strong>res rurais de grandes plantações, lutan<strong>do</strong> por melhorias salariais e<br />
por direitos trabalhistas. Por sua vez, arrendatários, parceiros, meeiros e posseiros<br />
entravam <strong>em</strong> conflito com proprietários de terras <strong>em</strong> busca de melhores condições para<br />
permanecer<strong>em</strong> produtivamente no campo.<br />
No bojo <strong>do</strong>s conflitos que <strong>em</strong>ergiam, eram duas as formas de organização privilegiadas: os<br />
sindicatos e as associações civis, tais como associações, ligas, uniões, irmandades. Os<br />
sindicatos eram a organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res que, de alguma forma, podiam ser<br />
considera<strong>do</strong>s como assalaria<strong>do</strong>s, como era o caso de colonos, mora<strong>do</strong>res, camaradas. Na<br />
leitura das forças políticas que então apoiavam as lutas no campo, a sindicalização seria a<br />
forma mais eficiente de luta por direitos trabalhistas e encontrava respal<strong>do</strong> legal <strong>na</strong> CLT,<br />
que a permitia, <strong>em</strong>bora não a regulamentasse (...) As associações civis, por sua vez,<br />
desti<strong>na</strong>vam-se aos que de alguma forma tinham acesso à terra (posseiros, arrendatários,<br />
meeiros etc.) e cuja luta se voltava principalmente contra os despejos, aumento de renda<br />
etc, culmi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> <strong>na</strong>s d<strong>em</strong>andas por alterações fundiárias (MEDEIROS, 1989, p.25).<br />
Por outro la<strong>do</strong>, <strong>na</strong>quele momento, também se fortaleceram o sindicalismo<br />
urbano e rural e o movimento estudantil; além disso as Sociedades de Amigos de Bairro<br />
(SABs) “atraíram mora<strong>do</strong>res urbanos para o projeto de modernidade e permitiram que<br />
os movimentos percebess<strong>em</strong> e vocalizass<strong>em</strong> seus direitos enquanto cidadãos” (DAVEIRA<br />
apud. OTTMANN, 1995, p.194). Neste cenário de crescente mobilização popular, a Igreja<br />
Católica, por intermédio <strong>do</strong> Movimento de Educação de Base (MEB) 21 , cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1961<br />
no Nordeste, e da atuação de militantes cristãos (principalmente da Juventude<br />
Universitária Católica e da Ação Católica Operária) junto aos setores populares, teve<br />
presença determi<strong>na</strong>nte <strong>na</strong> mediação com vários movimentos reivindicativos.<br />
Neste con<strong>texto</strong> de renovação da institucio<strong>na</strong>lidade da ação social da Igreja, surge<br />
a Ação Popular (AP), uma organização política criada por setores da Ação Católica,<br />
que, <strong>em</strong> oposição às práticas populistas <strong>do</strong> Governo João Goulart e da esquerda da<br />
época, “enfatiza uma conscientização à la pedagogia <strong>do</strong> oprimi<strong>do</strong> de Paulo Freire”<br />
(OTTMANN, 1995, p.195). No movimento estudantil, os adeptos <strong>do</strong> catolicismo,<br />
organiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Juventude Estudantil Católica (JEC), <strong>na</strong> Juventude Universitária<br />
Católica (JUC) e, mais tarde, <strong>na</strong> Ação Popular organizaram por to<strong>do</strong> o país diversas<br />
associações comunitárias, sindicatos, cooperativas etc. entre as classes populares,<br />
cumprin<strong>do</strong> um papel fundamental no estabelecimento de uma abrangente estrutura não-<br />
21 O MEB teria si<strong>do</strong> o primeiro esforço sist<strong>em</strong>ático da Igreja Católica para elaborar uma meto<strong>do</strong>logia de trabalho<br />
junto às bases da sociedade. A proposta educativa <strong>do</strong> MEB, de acor<strong>do</strong> com DE KADT (1970), era fornecer<br />
informações aos agricultores, por ex<strong>em</strong>plo, para que eles pudess<strong>em</strong> compreender seu papel e suas<br />
responsabilidades sociais como “agentes da história”. De acor<strong>do</strong> com seu argumento, “this will e<strong>na</strong>ble him to<br />
choose between either accepting the existing situation, or attacking at the roots the unjust and inhuman set-up<br />
under which he is suffering” (p.218).<br />
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