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su historia y sus consecuencias - Unesco

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UNESCO<br />

Com isso podemos distinguir o que era prioridade, ou seja, a secundarização dos direitos<br />

econômicos, mas principalmente os sociais e culturais. Importava o poder político, combinado<br />

com o econômico para a continuidade da exploração, aja vista que, muito embora o compromisso<br />

formal das nações signatárias da Declaração Universal e dos pactos que a <strong>su</strong>cederam em conjugar<br />

os direitos civis e políticos com os econômicos, sociais e culturais, <strong>su</strong>a efetivação, na prática,<br />

deixou muito a desejar. A própria autodeterminação dos povos, consolidada na carta de São<br />

Francisco e na Declaração de 1948, sofreu resistência por parte dos países imperialistas, 3 no<br />

sentido de não abrir mão de <strong>su</strong>as colônias na África e Ásia, principalmente.<br />

Com a eclosão dos vários movimentos de libertação dos países colonizados, principalmente<br />

no início da segunda metade do século XX, e a impossibilidade de <strong>su</strong>bjugá-los pela força<br />

militar, as potências ocidentais tiveram que achar alternativa para continuarem a locupletar-se;<br />

a alternativa deu-se pela dominação política e econômica menos explícita e mais <strong>su</strong>til.<br />

Esta dominação não é etérea, reflete-se negativamente em segmentos populacionais<br />

historicamente discriminados ou fragilizados: mulheres, crianças, idosos, minorias étnicas,<br />

homossexuais, dentre outros. Enfim, os mesmos personagens de ontem e de hoje, que além de<br />

sofrerem as desigualdades estruturais e sociais que o modelo econômico impõe à cidadania, e<br />

por fugirem aos padrões da normalidade constituída, são os alvos prioritários das múltiplas e<br />

veladas discriminações e violências.<br />

Estes “<strong>su</strong>jeitos de direitos” acabam não tendo possibilidade de acessar os recursos, oportunidades,<br />

a distribuição das riquezas produzidas, não têm pleno exercício de <strong>su</strong>a cidadania e,<br />

estigmatizados, são excluídos ou marginalizados. O processo de exclusão, de injustiça social,<br />

também acontece com as manifestações culturais de grupos e (ou) minorias étnicas, religiosas,<br />

castas e alguns segmentos sociais minoritários, gerando xenofobias e intolerâncias no convívio<br />

com a diversidade.<br />

Os negros brasileiros fazem parte dessa pretensa minoria. 4 Desde <strong>su</strong>a chegada no século<br />

XVI enquanto trabalhadores escravizados, até os dias atuais, <strong>su</strong>a história e <strong>su</strong>as manifestações<br />

culturais, de modo geral, foram relegadas a invisibilidade e ao ostracismo. Mesmo atualmente,<br />

todos os indicadores socioeconômicos, praticamente, apontam a exclusão, a marginalização, a<br />

injustiça social e a categoria de cidadão de segunda classe a que foi relegada a grande maioria<br />

dos negros brasileiros.<br />

Segundo dados do IBGE, 64% dos pobres e 69% dos indigentes são negros, ou seja, não<br />

há uma distribuição eqüitativa da pobreza. Mesmo havendo, nos últimos anos, uma redução na<br />

proporção de pobres e indigentes, a proporção entre brancos e negros tem-se mantida<br />

praticamente inalterada, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA.<br />

A taxa de desemprego, por cor, em 2001 5 foi de 8,3% de brancos e 10,7% de negros,<br />

sendo que no estudo feito estas diferenças se mantêm desde 1992. A renda domiciliar per capita,<br />

3. Trindade, José Damião de Lima. História Social dos Direitos Humanos.<br />

4. Segundo dados do último censo do IBGE, negros e pardos constituem por volta de 47% da população brasileira. O<br />

critério usado pelo IBGE foi de auto-identificação, como recai sobre os negros um estigma negativo, muitos deles não se<br />

as<strong>su</strong>mem en quanto tal. Por isso é de <strong>su</strong>por que a população negra seja maior do que a apontada pelas estatísticas.<br />

5. Fonte: IPEA, com base na PNAD, IBGE.<br />

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