su historia y sus consecuencias - Unesco
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LA RUTA DEL ESCLAVO EN EL RÍO DE LA PLATA: SU HISTORIA Y SUS CONSECUENCIAS<br />
de acordo com os dados do IPEA e do IBGE, também aponta enorme desigualdade a favor das<br />
famílias brancas. A renda média das famílias negras é menos da metade das famílias brancas.<br />
Nas estatísticas relativas à educação, um dos fatores importantes de mobilidade social, as<br />
diferenças entre brancos e negros são alarmantes e, segundo o IPEA, os indicadores não sinalizam<br />
trajetórias convergentes, tanto em relação ao analfabetismo, o acesso ao ensino fundamental ou<br />
à permanência e <strong>su</strong>cesso escolar.<br />
Estes são alguns dados, mas poderíamos citar outros tantos, como saúde, oportunidades<br />
de trabalho e renda, taxa de mortalidade infantil, mortalidade entre os jovens, acesso à tecnologia<br />
digital, acesso a bens duráveis ou habitação, que demonstram a influência do racismo na qualidade<br />
de vida, na discriminação da população negra.<br />
Porém, junto com o fator econômico, outro vetor é determinante para a manutenção das<br />
desigualdades e injustiça social: a desvalorização dos processos de construção da identidade<br />
racial dos negros. Como aponta Alzira Rufino 6 “falar de direitos humanos das mulheres, crianças<br />
e homens negros é falar da mudança de imagem e de auto-imagem”. Talvez o que tenha de mais<br />
perverso na ideologia racista brasileira é o fato dela conseguir aniquilar a auto-estima dos negros.<br />
Um dos exemplos clássicos é a ausência do negro na mídia de forma positiva, principalmente<br />
televisiva. É verdade que houve um certo avanço nos últimos anos em relação aos<br />
comerciais, mas isso só acontece porque ocorreu um aumento de negros com poder aquisitivo,<br />
o que não se traduz ainda em poder político.<br />
Isso ratifica o racismo brasileiro que, invisível, silencioso, se comprova cientificamente<br />
pelas estatísticas, não deixando qualquer margem de dúvidas quanto a <strong>su</strong>a eficácia, caindo por<br />
terra o mito da democracia racial brasileira.<br />
De que universalidade então estamos falando quando nos referimos à Declaração Universal<br />
dos Direitos Humanos? Nos parece que a Conferência de Viena em 1993 foi fundamental<br />
nesse sentido. Por influência de países em desenvolvimento, notadamente a China, Cingapura,<br />
os emergentes “Tigres Asiáticos”, árabes, em particular os Estados mulçumanos, foi contestada<br />
a natureza da universalidade frente à diversidade das sociedades e <strong>su</strong>as diferentes formas de<br />
sociabilidades.<br />
O artigo 5º da Declaração de Viena, afirma:<br />
“5º. Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, interdependentes e<br />
inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os direitos humanos<br />
globalmente de forma justa e eqüitativa, em pé de igualdade e com a mesma ênfase. As<br />
particularidades nacionais e regionais devem ser levadas em consideração, assim como<br />
os diversos contextos históricos, culturais e religiosos, mas é dever dos Estados promover<br />
e proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, independentemente de<br />
seus sistemas políticos, econômicos e culturais”.<br />
6. In: Racismos Contemporâneos/org. Ashoka empreendedores Sociais e Takano Cidadania. Rio de Janeiro: Takano,<br />
Ed. 2003.<br />
Rui da Silva Santos<br />
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