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su historia y sus consecuencias - Unesco

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LA RUTA DEL ESCLAVO EN EL RÍO DE LA PLATA: SU HISTORIA Y SUS CONSECUENCIAS<br />

Portanto, as políticas de ação afirmativa podem e devem ser, sim, mecanismos usados<br />

pelo Poder Público para proteção e promoção dos direitos humanos.<br />

No Brasil, a política de ações afirmativas para os negros passa a compor a agenda política<br />

oficial do governo com mais vigor mediante a III Conferência da ONU contra o Racismo,<br />

Xenofobia e Outras Formas de Intolerância, realizada em Durban, África do Sul, em setembro<br />

de 2001. Teve função relevante a Fundação Cultural Palmares, órgão de governo vinculada ao<br />

Ministério da Cultura, criada em 1988, com a missão de promover a cultura negra bem como<br />

a defesa dos direitos dos negros e negras brasileiros.<br />

A Fundação fomentou os debates preparatórios e articulou a representação brasileira em<br />

Durban. Coube a ela também, entre outras, executar o que trata o Artigo 68 do Ato das<br />

Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988. 8<br />

Evidentemente que isso só foi possível pela pressão dos movimentos sociais organizados,<br />

principalmente o Movimento Negro, que desde o debate da Constituição de 1988, principalmente,<br />

vinha reivindicando reparações por todo um passado de discriminação que sofrera a<br />

população negra brasileira e o reconhecimento, pelo Estado, da existência do racismo, contraposto<br />

ao mito da democracia racial. A própria Constituição institui a construção de uma sociedade<br />

mais justa e solidária, com a redução das desigualdades sociais.<br />

Timidamente alguns órgãos do governo, isoladamente, já discutiam tais políticas. A definição<br />

de ações afirmativas divulgada pelo Ministério da Justiça em 1996 é um exemplo disso:<br />

“Ações afirmativas são medidas especiais e temporárias, tomadas pelo Estado e/<br />

ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar<br />

desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidade<br />

e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas pela discriminação e<br />

marginalização, por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros”.<br />

Tomando essa definição como exemplar, não resta dúvidas da importância das Ações<br />

Afirmativas para a justiça social, eqüidade e promoção dos direitos humanos, ou seja, garantir a<br />

igualdade de oportunidades, mesmo que para isso seja necessário adotar um tratamento diferenciado<br />

para alguns grupos visando alcançarem um nível de competitividade e oportunidade<br />

similar aos demais grupos.<br />

Desta maneira, as ações afirmativas são mecanismos de promoção da igualdade,<br />

direcionadas aos grupos socialmente excluídos e discriminados e que, em decorrência disto,<br />

experimentam situações de vulnerabilidade em relação a outros segmentos sociais hegemônicos<br />

e dominantes. A premissa fundamental da ação afirmativa, é o reconhecimento de que pessoas<br />

<strong>su</strong>jeitas à desigualdade devem ter reconhecimento diferenciado tendo por objetivo a promoção<br />

da justiça e da inclusão econômica, social e simbólica.<br />

Cabe ressaltar que o debate sobre as ações afirmativas no Brasil apresenta uma singularidade<br />

paralisante. Parte da sociedade brasileira compreende as instituições sociais e o acesso aos direitos<br />

8. Reza na lei que: “Aos remanescentes das Comunidades de Quilombos que estejam ocupando <strong>su</strong>as terras é reconhecida<br />

a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”.<br />

Rui da Silva Santos<br />

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