unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

apresentando-lhe uma identidade sexual mediada pelo seu discurso embutido de
desejos inconscientes e ideais imaginários.
Geneviève Fraisse assinala que a psicanálise opera uma dupla ruptura filosófica:
“propõe uma teoria da sexualidade, um conjunto coerente de teses sobre a diferença
entre os sexos e uma nova teoria do conhecimento fundada sobre a noção do
inconsciente”. 220 Essa última, sustenta a autora, revoluciona profundamente o
conhecimento do homem sobre si e sobre o universo. Já em relação à “diferença entre
os sexos”, “algumas das suas asserções lembram estranhamente a medicina filosófica
do início do século e as tentativas de dizer às mulheres qual a sua ‘destinação’”. 221
A autora ressalta, entretanto, que na passagem do “sexo” à “sexualidade” a
psicanálise inova o debate sobre a sexualidade dos homens, das mulheres (diferindo-a
da reprodução), das crianças, sobre a bissexualidade de cada um, sobre uma
“sexualidade não biológica”. “A história da humanidade alarga-se à história individual, a
análise da família desdobra-se e deixa ver seres distintos [...]”. 222 Isso possibilita à
mulher uma história, mas também um “destino”, dirá Sigmund Freud.
Isabel Fortes, em seu texto Psicanálise e Mulher, Universos do Feminino, 223
sustenta que a mulher na teoria psicanalítica está envolta em um véu de mistério. A
220
Geneviève Fraisse, In: BUBY; PERROT. História das mulheres no ocidente, p. 92.
221
Idem, ibidem.
222
Idem, ibidem.
223
In: KUPERMANN, Daniel; ROLLEMBERG, Denise (Org). Universos psicanalíticos, desafios atuais da pesquisa
psicanalítica. Rio de Janeiro: Dumará, 1995.
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