unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...
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fundada a “família”, “nela se unifica a totalidade da natureza e tu<strong>do</strong> o que precede, toda<br />
a particularidade ante<strong>rio</strong>r se transpõe nela para o universal. Ela é a identidade [...]”. 204<br />
As diferentes funções, ou lugares no inte<strong>rio</strong>r da família, entendida como uma<br />
garantia da moralidade natural, são explicadas pelo filósofo “como uma diferença<br />
superficial da <strong>do</strong>minação”. 205 Assim, o homem é o “senhor” e “intendente”; não<br />
proprietá<strong>rio</strong> por oposição aos outros membros da família, é apenas o administra<strong>do</strong>r; a<br />
repartição <strong>do</strong> trabalho é segun<strong>do</strong> a natureza de cada membro, sen<strong>do</strong> o seu produto<br />
comum; a relação <strong>do</strong>s sexos, da mulher com o homem, assume também a sua maneira<br />
um caráter de indiferença.<br />
Michelle Perrot, falan<strong>do</strong> sobre o “triunfo” da família na nova ordem burguesa <strong>do</strong><br />
século XIX, assinala que, enquanto o laisser faire, o ideal da “mão invisível”, pre<strong>do</strong>mina<br />
num pensamento econômico estagna<strong>do</strong>, o pensamento político mostra uma<br />
preocupação em “organizar a vida privada”. “O <strong>do</strong>méstico constitui uma instância<br />
regula<strong>do</strong>ra fundamental e desempenha o papel <strong>do</strong> deus oculto”. 206<br />
Para Hegel, a família é a garantia da moralidade natural. A divisão de papéis na<br />
família e na sociedade é estabelecida a partir de seus “caracteres naturais”: “O homem<br />
possui sua vida substancial real no Esta<strong>do</strong>, na ciência, enquanto a mulher encontra seu<br />
204 Idem, p. 37.<br />
205 Idem, ibidem.<br />
206 PERROT, Michelle. História da vida privada, p. 93.<br />
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