unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

mulher está fora da linguagem e por isso remete a um enigma, como bem transparece
na pergunta formulada por Freud: “O que deseja a mulher?” Percebe-se que Freud
designou a mulher como o continente negro da psicanálise, mas isso não significa que
hoje, na perspectiva da psicanálise, a mulher não possa se apresentar de uma forma
menos mistificada, diz Isabel Fortes.
Sigmund Freud, até 1920, não via a mulher sem a homologia pênis-clitóris. Ele
só conseguia teorizar sobre a sexualidade da mulher comparando-a à dos homens. No
texto Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, Freud anuncia que somente a vida
sexual dos homens pode ser pesquisada, porque a das mulheres “encontra-se
impenetrável e obscura”. Contudo, foi exatamente nesse livro de 1905 que Freud fez
grandes descobertas quando estudou as perversões, dando uma nova dimensão para
as chamadas aberrações sexuais. Considerou que tais manifestações faziam parte da
sexualidade infantil e que correspondiam a etapas do desenvolvimento da sexualidade
da criança. Ao tentar compreender as perversões polimorfas manifestadas na infância,
o autor cria e inaugura o conceito da sexualidade humana, negando a primazia genital.
Argumenta que as manifestações perversas da infância são manifestações “naturais” e
que estas vão alimentar a sexualidade do adulto.
Foi a partir das perversões, portanto, que ele começou a elaborar a sua teoria
pulsional, encontrando aí uma via para explicar a constituição da sexualidade humana,
não mais a partir dos instintos como nas demais espécies. No animal, o mecanismo
instinto manifesta-se pelo desencadeamento de alguma função biológica ou em atitude
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