unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...
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deslocamento <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> imaginá<strong>rio</strong> para o ato concreto depende de um rearranjo<br />
particular que possibilite o aniquilamento de um sujeito de carne e osso ao próp<strong>rio</strong><br />
desejo”. 279<br />
A problemática da violência evidencia que convivem no cená<strong>rio</strong> da vida<br />
contemporânea os princípios nortea<strong>do</strong>res de uma identidade de gênero atribuin<strong>do</strong><br />
valores e lugares diferentes às mulheres e aos homens enquanto referenciais<br />
simbólicos que povoam o imaginá<strong>rio</strong> popular, e o referencial da igualdade, emergi<strong>do</strong> da<br />
modernidade. Essa é, certamente, uma questão que também assume relevância no<br />
inte<strong>rio</strong>r <strong>do</strong> sistema judiciá<strong>rio</strong>.<br />
Distingue-se, por conseguinte, a opressão pessoal (privada) da opressão<br />
estrutural (social), perpetrada pelo Esta<strong>do</strong>.Portanto o que se tentará elucidar não é a<br />
etiologia da violência física, sexual, psicológica e <strong>do</strong>méstica vitiman<strong>do</strong> a mulher. 280 O<br />
que se objetiva é tentar entender como o Esta<strong>do</strong>, através de suas instâncias de poder,<br />
reage contra essa violência no cumprimento de sua função jurisdicional.<br />
279 BANDEIRA, Lourdes; ALMEIDA, Tânia Mara de. O caso motoboy, a construção <strong>do</strong> estupra<strong>do</strong>r pela mídia. In:<br />
Cadernos Themis, Gênero e Direito: Crimes Sexuais. Porto Alegre: a. 1, n. 1, mar. 2002, p. 19.<br />
280 As cifras da violência: 70% das mulheres vítimas de homicídio no mun<strong>do</strong> foram mortas por seus próp<strong>rio</strong>s<br />
companheiros. Sete milhões de brasileiras acima de 15 anos de idade já foram agredidas pelo menos uma vez. Um<br />
bilhão de mulheres <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, ou uma em cada três, já foram estupradas, espancadas ou sofreram algum tipo de<br />
violência. CIRENZA, Fernanda. Violência <strong>do</strong>méstica. Marie Claire, São Paulo, p. 71-78, nov. 2004.<br />
A cada dez homens processa<strong>do</strong>s por agressão física contra a mulher, apenas um é condena<strong>do</strong>. Setenta por cento <strong>do</strong>s<br />
processos de violência <strong>do</strong>méstica em São Paulo são arquiva<strong>do</strong>s: as vítimas retiram as queixas. A violência <strong>do</strong>méstica<br />
é responsável por um em cada cinco dias de falta da mulher no trabalho. CERQUEIRA, Patrícia. Irmãs coragem.<br />
Criativa, São Paulo, p. 32-35, fev. 2002.<br />
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