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unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

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como já aludi<strong>do</strong>, discurso e prática guardam uma profunda relação, é essa articulação<br />

que não pode ser ignorada.<br />

Outra questão a ser considerada é que as representações <strong>do</strong> poder das<br />

mulheres, além de numerosas, assumem um caráter ambíguo desde a Antiguidade.<br />

“Elas modulam a aula inaugural <strong>do</strong> Gênesis, que apresenta a potência sedutora da<br />

eterna Eva”. 173 A mulher, “origem <strong>do</strong> mal e da infelicidade, potência noturna, força das<br />

sombras, rainha da noite, oposta ao homem diurno da ordem e da razão lúcida” 174 , está<br />

na mitologia, na literatura, no teatro, nos arquétipos visuais, é um tema romântico das<br />

óperas de Amadeus Mozart e Richard Wagner.<br />

Na sociedade francesa <strong>do</strong> século XIX, assinala Michele Perrot, “pre<strong>do</strong>minam as<br />

imagens de um poder conjuntivo, circulan<strong>do</strong> no teci<strong>do</strong> social, oculto, escondi<strong>do</strong>, secreto<br />

mecanismo das coisas”. 175 Não são raros os textos literá<strong>rio</strong>s, filosóficos ou científicos<br />

que retratam essa força <strong>do</strong> mal, alertan<strong>do</strong> sobre o perigo <strong>do</strong> “poder que se oculta por<br />

detrás <strong>do</strong> trono [...]” 176 , sobre as temidas decisões políticas tomadas “sobre o<br />

travesseiro”. Para criminologistas como Cesar Lombroso, a mulher é a verdadeira<br />

instiga<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> crime, observa a autora.<br />

Assim como a mulher é representada como uma certa potência <strong>do</strong> mal, o século<br />

XIX restaura o mito da mulher redentora, da figura obcecante da Mãe sobrepon<strong>do</strong>-se<br />

173 PERROT, Michelle. Os excluí<strong>do</strong>s da história, p. 168.<br />

174 Idem, ibidem.<br />

175 Idem, ibidem.<br />

176 Idem, p. 169.<br />

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