unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

compreendido dentro do campo das relações sociais. A questão entre identidade de
gênero como escolha própria ou uma contingência histórico-cultural divide a teoria
psicanalítica feminina. Nesse sentido questiona Judith Butler,”como pode o gênero ser
ao mesmo tempo questão de escolha e construção cultural?”. 136 E, ainda, indaga a
autora, qual o limite entre um eu culturalmente construído e uma construção própria?
“Se o gênero é determinado na dialética entre cultura e escolha, então, a que papel o
‘sexo’ serve [...]?”. 137
Comparando as teorias de Simone Beavoir, Monique Wittig e Michel Foucault, a
autora observa que, embora essas sejam diferentes em diversos pontos, “sugerem em
comum uma teoria do gênero que tenta dar o sentido cultural da doutrina existencial da
escolha”. 138 Ou então, afirma a autora, “o gênero torna-se o lugar dos significados
culturais tanto recebidos como inovados”. 139 A escolha “tem o significado de um
processo corpóreo de interpretação no seio de uma rede de normas culturais
profundamente entranhadas”. 140 Para Beauvoir, uma anatomia sexualmente
diferenciada oferece menos limites à escolha de um gênero do que o peso de
instituições culturais que tem interpretado a anatomia de modo convencional. A
existência do próprio corpo, no entanto, depende de um modo pessoal de examinar e
interpretar normas de gênero recebidas.
136 BUTLER, Judith. Variações sobre sexo e gênero, Beauvoir, Wittig e Foucault, In: BENHABID; CORNELL.
Idem, p. 139.
137 Idem, ibidem.
138 Idem, p. 140.
139 Idem, ibidem.
140 Idem, ibidem.
67