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3.3 Criminologia e Feminismo: Impasses e Contradições
Apesar da queima de sutiãs em praça pública, do direito da mulher ao voto, da
invenção da pílula anticoncepcional e da forte presença feminina em todas áreas de
trabalho do mundo contemporâneo, sobrevivem, ainda hoje, no campo simbólico e na
prática social, os imperativos de feminilidade segundo o padrão tradicional, conforme já
evidenciado por este trabalho.
Esses imperativos ganham voz, muitas vezes, em movimentos opostos aos fins
neles declarados: sobrevive nos próprios movimentos feministas ao que Hannah Arendt
chama de “poder tirânico” das categorias cediças e que tendem a criar um sentido de
permanente “naturalização” (imaginária) quanto às instituições, conceitos e discursos
que presidem a vida. Considerando a relação mulher/Direito Penal, coloca-se esta
questão do outro lado do eixo.
Ou seja, se num extremo se encontra o sistema penal, cuja lógica natural é a da
seletividade, ditando um lugar de exclusão ao indivíduo desalojado do corpo social,
tem-se, do outro lado da relação, os movimentos feministas que buscam na arena penal
uma via para a afirmação ou para a defesa dos direitos da mulher, uma prática
atravessada pela ambigüidade e pela contradição.
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