unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

“expulsando para os confins da Ordem os discursos que não podem ser assimilados
pela racionalidade vigente”. 145
A organização econômica, a racionalidade do modelo político, a ciência
positivista e as decisões militares primam pela supremacia da razão. A dinâmica da
sociedade moderna, no entanto, se define pela diversidade: o domínio público, espaço
das transações políticas, comerciais e sociais nas cidades burguesas era também um
espaço onde convivia uma diversidade de indivíduos, fato jamais visto na História do
Ocidente, observa Richard Sennett. 146
Enquanto os ideais de autonomia e liberdade, palavras de ordem na Europa
revolucionária, autorizavam a individualidade, as diferenças, a espontaneidade, a
possibilidade de um discurso alternativo, as convenções sociais, fundadas na crença de
um indivíduo que se definia pela racionalidade cartesiana, exigiam uma rígida
adequação à ordem estabelecida. É essa uma das facetas de maior contradição e
conflito do indivíduo moderno.
Para Michel Foucault 147 , a verdade está circularmente ligada a sistemas de
poder, que a produzem e apóiam, e a afeitos de poder que ela induz e que a
reproduzem. Dessa forma, postula o pensador, “as condições econômicas e sociais que
145
FOUCAULT, Michel. O homem e o discurso. A arqueologia de Michel Foucault. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1971, p. 14.
146
SENNETT, Richard. O declínio do homem público. Trad. Lyigia Araújo Watanabe. São Paulo: Companhia das
Letras, 1988.
147
FOUCUALT, Michel. Microfísica do poder. p. 12-13.
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