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Nicole Arnaud-Duc 252 lembra que na França do século XIX a prostituição, além
de não ser proibida, era considerada indispensável aos homens, sendo fortemente
regulamentada pelo Estado, devendo ser vivida em “dissimulação” e “vergonha”. Por
conta dessa regulamentação, “minunciosa” e “humilhante”, as mulheres sofrem as
medidas mais vexatórias, reinando o arbítrio policial, médico e religioso.
A partir de meados do século XIX, devido ao número de prostitutas vítimas da
miséria e a proliferação das doenças sexualmente transmissíveis, inicia-se um
movimento de compaixão pelas prostitutas na Europa e nos Estados Unidos que
reivindicava por políticas sociais. Tais discursos, sustenta a autora, eram carregados
de cunho moralista num movimento de controle da sexualidade extraconjugal. De outra
parte, os movimentos feministas lutavam, em nome da liberdade, contra as políticas de
costumes e a prisão das prostitutas.
Tem-se, assim, ao final deste capítulo um panorama das representações
(discursos) que fundamentaram e pronunciaram os papéis e lugares da mulher na
ordem social e familiar da Europa oitocentista.
Cabe ressalvar, entretanto, de que em oposição, ou na coexistência a um
aparente consentimento a essas representações, o século XIX configura uma época de
transição para as mulheres, que abre espaço para uma identidade mais autônoma e
uma nova concepção de feminilidade.
252 In: DUBY, Georges; PERROT, Michelle. História das mulheres no ocidente, p. 113-14.
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