unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

servem de contexto para o aparecimento de uma ciência, ao seu desenvolvimento ou
ao seu funcionamento, não se traduzem na própria ciência sob a forma de discurso
científico [...]” 148 , questão em que diz opor-se à forma de análise tradicional do
marxismo universitário da França e da Europa que, segundo o autor, apresenta um
defeito muito grave: “o de supor, no fundo, que o sujeito humano, o sujeito de
conhecimento, as próprias formas de conhecimento são de certo modo dados prévia e
definitivamente, e que as condições econômicas, sociais e políticas da existência não
fazem mais do que depositar-se ou imprimir-se neste sujeito definitivamente dado”. 149
O vínculo existente entre o conteúdo das formações não-discursivas e o
conteúdo das formações discursivas, segundo o autor, é mais complexo: os conceitos
científicos não exprimem as condições econômicas e sociais em que surgiram, contudo
são essas condições que fazem “emergir um certo número de objetos que poderão
tornar-se objetos de ciência”. 150 E, ainda, são as regras pré-discursivas que
determinam não só o objeto possível, mas a posição do sujeito em relação aos objetos
e a modalidade de formação dos conceitos.
O saber, nessa perspectiva, nasce das práticas sociais “que podem chegar a
engendrar domínios de saber que não somente fazem aparecer novos objetos, novos
148
FOUCAULT, Michel. O homem e o discurso, p. 23.
149
FOUCAULT, Michel. A Verdade e as formas jurídicas. Trad. Roberto Cabral de Melo Machado e Eduardo
Jardim Morais. Rio de Janeiro: Nau, 1999, p. 8.
150
FOUCAULT, Michel. O homem e o discurso, p. 24.
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