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unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

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aspecto de que é masculina a natureza 169 das fontes disponíveis para contar a história<br />

das mulheres. Ou seja, uma análise <strong>do</strong> discurso 170 sobre as mulheres dá indicações da<br />

representação <strong>do</strong> feminino na História. Não se pode esquecer, contu<strong>do</strong>, que esta<br />

representação provêm <strong>do</strong> olhar masculino.<br />

Por conseguinte, muito <strong>do</strong> que se diz ser a história social das mulheres, é<br />

apenas parte dela, ou então, trata-se mais da história da representação cultural das<br />

mulheres, da qual escapam aspectos relevantes das práticas sociais, <strong>do</strong>s discursos<br />

alternativos e periféricos, enfim detalhes sobre o lugar ocupa<strong>do</strong> pela mulher, <strong>do</strong> seu<br />

papel de sujeito ativo na história da civilização. “O ‘ofício <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r’ é um ofício de<br />

homens que escrevem a história masculina. Os campos que abordam são os da ação e<br />

<strong>do</strong> poder masculinos, mesmo quan<strong>do</strong> anexam novos territó<strong>rio</strong>s”. 171<br />

Para Claude Mossé 172 , é esse olhar masculino que as pesquisas<br />

contemporâneas começam a desconstruir. É preciso observar, entretanto, que não se<br />

trata de fazer uma investigação histórica separan<strong>do</strong> discurso e práticas sociais, pois,<br />

169 Os materiais utiliza<strong>do</strong>s pelos historia<strong>do</strong>res (arquivos diplomáticos ou administrativos, <strong>do</strong>cumentos parlamentares,<br />

biografias, publicações periódicas) são produtos de homens que têm o monopólio <strong>do</strong> texto e da coisa pública. A<br />

história das mulheres, mais ainda quan<strong>do</strong> se trata das mulheres das classes populares, é feita a partir de arquivos<br />

provenientes <strong>do</strong> olhar <strong>do</strong>s senhores (prefeitos, magistra<strong>do</strong>s, policiais, padres). Observa-se também que o texto<br />

feminino, ou outras formas de representar a mulher (desenhos, pinturas, fotografia, etc.) começam a aparecer a partir<br />

<strong>do</strong> século XIX, oportunizan<strong>do</strong> à mulher representar-se a partir de uma perspectiva, diga-se própria (sabe-se que o<br />

ideal de feminilidade representa<strong>do</strong> pela própria mulher, consideran<strong>do</strong> os efeitos próp<strong>rio</strong>s <strong>do</strong> inconsciente, estava<br />

intimamente liga<strong>do</strong> à projeção masculina) ainda que ela teria dificuldade de fazer-se ouvir e ver. Em se tratan<strong>do</strong><br />

mais especificamente das produções escritas, mesmo com aparecimento da literatura feminina, o texto feminino<br />

continua sen<strong>do</strong> estritamente específico: livros de cozinha, manuais de pedagogia, contos recreativos ou morais.<br />

170 Toma-se o discurso aqui no seu senti<strong>do</strong> mais amplo, compreenden<strong>do</strong> desde a produção de saberes como toda a<br />

representação <strong>do</strong> lugar social da mulher presente na arte, na pintura, na literatura e na música.<br />

171 PERROT, Michelle. Os excluí<strong>do</strong>s da história, p. 185.<br />

172 In: DUBY, Georges; PERROT, Michelle (Orgs). As mulheres e a história. Trad. Miguel Serras Pereira. Lisboa:<br />

Dom Quixote, 1995, p. 17.<br />

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