unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...
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verdades. É o poder que interroga, indaga, registra e institucionaliza a busca da<br />
verdade. De outra parte, observa que essa verdade é que determina o conteú<strong>do</strong> da lei e<br />
produz o discurso verdadeiro que decide, transmite e reproduz, ao menos em parte,<br />
efeitos <strong>do</strong> poder.<br />
O que Michel Foucault propõe é uma inversão na direção da análise <strong>do</strong> discurso<br />
<strong>do</strong> Direito como forma de fazer sobressair o fato da <strong>do</strong>minação que o constitui; suas<br />
relações, não de soberania, mas das múltiplas formas de <strong>do</strong>minação que podem ser<br />
exercidas numa sociedade. Sugere, para a compreensão <strong>do</strong> Direito como instrumento<br />
de <strong>do</strong>minação 21 e como técnica de sujeição polimorfa 22 , a análise, não a partir da<br />
soberania em seu edifício único ou central, mas das múltiplas sujeições que existem e<br />
funcionam no inte<strong>rio</strong>r <strong>do</strong> corpo social.<br />
Segun<strong>do</strong> o autor, o poder deve ser analisa<strong>do</strong> como algo que circula, como algo<br />
que só funciona em cadeia, já que o poder não se aplica aos indivíduos, apenas passa<br />
por eles. Cada indivíduo é centro de transmissão <strong>do</strong> poder, está sempre em posição de<br />
o exercer ou sofrer a sua ação. Nesse senti<strong>do</strong>, afirma: “efetivamente, aquilo que faz<br />
com que um corpo, gestos, discursos e desejos sejam identifica<strong>do</strong>s e constituí<strong>do</strong>s<br />
21 Para Foucault, <strong>do</strong>minação toma o senti<strong>do</strong>, não de uma <strong>do</strong>minação global de uns sobre os outros, ou de um grupo<br />
sobre o outro, mas sim as múltiplas formas de <strong>do</strong>minação que podem se exercer na sociedade. “Portanto, não o rei<br />
em sua posição central, mas os súditos em suas relações recíprocas: não a soberania em seu edifício único, mas as<br />
múltiplas sujeições que existem e funcionam no inte<strong>rio</strong>r <strong>do</strong> corpo social”. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica <strong>do</strong><br />
poder, p. 181.<br />
22 Ao se entregar à ideologia, o sujeito realiza, de forma aparentemente livre, seu próp<strong>rio</strong> processo de sujeição,<br />
estan<strong>do</strong> sujeito a mudar de personalidade ou assumir várias formas (polimorfa), porque os AIEs (escola, família,<br />
exército, sociedade, etc.) transmitem modelos, para melhor manejar essa sujeição. In: ALTHUSSER, Louis.<br />
Aparelhos ideológicos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. Trad. Walter José Evangelista e Maria Laura Viveiros de Castro. Rio de Janeiro:<br />
Graal Editora, 2001, p. 68-78.<br />
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