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unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

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Era essa estrutura que estava em questão. O que havia era uma certa<br />

desestabilização entre as mulheres e as funções que lhes eram ditas, pouco<br />

condizentes com a Declaração Universal <strong>do</strong>s Direitos <strong>do</strong> Homem que proclama a<br />

igualdade entre to<strong>do</strong>s os indivíduos. Essa situação era no mínimo embaraçosa, por isso<br />

que o velho discurso retoma com to<strong>do</strong> o vigor no século XIX, apoia<strong>do</strong> agora nas<br />

descobertas da Medicina e da Biologia. 197<br />

Geneviève Fraisse assegura que “o discurso filosófico sobre as mulheres e sobre<br />

a diferença entre os sexos está necessariamente no cruzamento da história”. 198 Em<br />

contraponto à ruptura política e à mutação econômica da época moderna, “a eternidade<br />

das questões filosóficas sobre a dualidade <strong>do</strong> corpo e <strong>do</strong> espírito, a partilha entre<br />

natureza e civilização, o equilíb<strong>rio</strong> entre o priva<strong>do</strong> e o público”. 199<br />

Segun<strong>do</strong> a autora, os postula<strong>do</strong>s da nova era reconheciam homens e mulheres<br />

como seres <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de razão, logo, seriam sujeitos autônomos e individuais. A<br />

novidade, portanto, das produções discursivas sobre a mulher, ou sobre a diferença<br />

197 O discurso sobre a diferença <strong>do</strong>s sexos, ou a análise da conflituosa história <strong>do</strong>s sexos, é retoma<strong>do</strong> no século XIX<br />

sob uma forte influência das novas descobertas da Biologia e da Medicina, sen<strong>do</strong> atravessa<strong>do</strong> pela teoria <strong>do</strong><br />

evolucionismo de Herbert Spencer e pela teoria da origem das espécies de Darwim. Mesmo sen<strong>do</strong> caracteriza<strong>do</strong><br />

pela diversidade e pela mutação, o discurso traz como eixo central a impossibilidade da igualdade entre os <strong>do</strong>is<br />

sexos, justificada, agora, nas novas descobertas científicas. Embora as teorias de Spencer e Darwin, aparentemente,<br />

não dedicassem uma <strong>grande</strong> importância à questão <strong>do</strong>s sexos, seus postula<strong>do</strong>s constituem fortes argumentos para<br />

conferir à mulher o seu lugar na espécie, o que era impedimento para desenvolver o seu eu e o seu cérebro. Na tese<br />

de Darwin, a seleção natural, acompanhada pela seleção sexual, tornou o homem supe<strong>rio</strong>r à mulher, diferença<br />

instransponível segun<strong>do</strong> a sua teoria da hereditariedade, na qual afirma que os progressos feitos na idade adulta se<br />

transferem apenas de sexo para sexo. Os postula<strong>do</strong>s de Darwin e Spencer tomam espaço, principalmente, no inte<strong>rio</strong>r<br />

da Filosofia Positivista de Auguste Comte, e no pensamento crítico <strong>do</strong> Cristianismo de Ludwig Feuerbach, num<br />

movimento de oposição à Metafísica.<br />

198 FRAISSE, Geneviève. Da destinação ao destino. História filosófica da diferença entre os sexos. In: DUBY,<br />

Georges; PERROT, Michelle. História das mulheres no ocidente, p. 59.<br />

199 Idem, ibidem.<br />

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