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unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

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Uma vez que a língua “é a linguagem enquanto conjunto de signos formais,<br />

estratifica<strong>do</strong> em escalões sucessivos que formam sistemas e estruturas” 127 e que se<br />

impõem como uma ordem ao sujeito falante, o discurso, por sua vez, é “o veículo de<br />

uma mensagem única, própria da estrutura particular de um determina<strong>do</strong> sujeito que<br />

imprime sobre a estrutura obrigatória da língua uma marca específica [...]”. 128<br />

No que se opõe à fala, “ato individual de vontade e de inteligência”, 129 o discurso,<br />

ainda que se realize através da fala, vem marca<strong>do</strong> pela intenção, “integran<strong>do</strong> nas suas<br />

estruturas o locutor e o auditor, com o desejo de o primeiro influenciar o segun<strong>do</strong>”. 130<br />

Se a modernidade inaugurou a institucionalização <strong>do</strong>s espaços público e priva<strong>do</strong>,<br />

esses se caracterizam por práticas, valores, significa<strong>do</strong>s, demandas, proibições e<br />

permissões expressos e articula<strong>do</strong>s pela linguagem, a qual, por sua vez, traduz-se em<br />

discurso 131 : discurso da Igreja, da escola, da indústria, da ciência, da política, <strong>do</strong><br />

jurídico, das correntes feministas; discursos institucionais com características próprias,<br />

127<br />

BENVENISTE, Émile, apud KRISTEVA, Julia. História da Linguagem. Lisboa: Edições 7, 1999, p.22<br />

128<br />

KRISTEVA, Julia. História da linguagem. Lisboa: Edições 7, 1999, p. 22.<br />

129<br />

SAUSSURE. Op. cit., p. 27.<br />

130<br />

KRISTEVA. Op. cit., p. 22.<br />

131<br />

Michelle Perrot observa que o século XIX, marco temporal que melhor serve de referência para a definição da<br />

identidade feminina contemporânea, é uma fase de transitoriedade discursiva e de práticas cotidianas. Além <strong>do</strong><br />

fortalecimento <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s nacionais, implican<strong>do</strong> na passagem <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> liberal para o Esta<strong>do</strong> de bem-estar social<br />

na Europa, este é marca<strong>do</strong> pelo avanço acelera<strong>do</strong> da industrialização e da técnica, pela organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

e pela redefinição <strong>do</strong>s papéis sociais de mulheres e crianças. Como um <strong>do</strong>s efeitos da Revolução Francesa, o século<br />

XIX acentua a definição das esferas pública e privada, valorizan<strong>do</strong> a família e diferencian<strong>do</strong> os papéis sexuais. Há<br />

uma rigorosa oposição entre homens públicos e mulheres <strong>do</strong>mésticas. Este contexto sugere novas possibilidades<br />

discursivas, ou seja, a modernidade consoli<strong>do</strong>u uma multiplicidade de padrões e discursos que iriam organizar o<br />

campo simbólico de um novo tipo de indivíduo inseri<strong>do</strong> num novo contexto social: urbanização, industrialização,<br />

organização da vida pelos parâmetros da eficácia industrial e da moralidade burguesa, nascimento da família nuclear,<br />

separação nítida entre os espaços público e priva<strong>do</strong>. In: PERROT, Michelle. História da vida privada. Trad. Denise<br />

Bottmann e Bernar<strong>do</strong> Joffily. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, v. 4.<br />

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