04.08.2013 Views

unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>do</strong> século XVIII, quan<strong>do</strong> a Revolução Francesa destrói as fronteiras que no Antigo<br />

Regime separavam a esfera pública da vida privada.<br />

E foi a politização da esfera privada, ou a violenta agressão à vida privada, fatos<br />

jamais vistos na história <strong>do</strong> Ocidente, que redefiniram o espaço da família. O mesmo<br />

fato que durante a Revolução abrira as portas às mulheres, fazen<strong>do</strong> com que saíssem<br />

às ruas, organizadas ou não, sedentas por desobediência, contribuiu para que durante<br />

o século XIX imergissem numa aparente obscuridade e no anonimato de seus lares.<br />

A história de submissão das mulheres é, ao mesmo tempo, uma história de luta,<br />

resistência e subversão. Durante o século XIX, após terem si<strong>do</strong> expulsas pelo poder<br />

revolucioná<strong>rio</strong> das tribunas, fecha<strong>do</strong>s seus clubes e proibidas de falar em política, as<br />

mulheres continuaram sua influência nas redes de poder, ainda que permanecessem<br />

estritas a tarefas subalternas.<br />

Segun<strong>do</strong> Michelle Perrot, elas se inserem em todas as formas <strong>do</strong> escrito 187 :<br />

primeiro pela correspondência, depois pela literatura e, por fim, pela imprensa. Outro<br />

187 Maria-Claire Hoock-Demarle, em seu texto Ler e escrever na Alemanha, assinala que falar da “mulher autor”, ou<br />

analisar a mulher enquanto sujeito de um discurso no século XIX, não constitui uma empresa fácil. O sujeito, em si,<br />

escapa à investigação, visto que a escrita feminina se reveste de “vergonha”, é uma competência deslocada da qual a<br />

mulher tenta se esquivar em seu próp<strong>rio</strong> discurso. Isso só mudaria com a crescente participação das mulheres no<br />

processo de alfabetização que não cessa de crescer em toda a Europa durante o século XIX. No caso da Alemanha,<br />

especialmente nas regiões <strong>do</strong> Norte, como na Prússia, esse fenômeno tivera início já no Século das Luzes. Da<strong>do</strong>s<br />

estatísticos acusam a partir de 1750 uma taxa de escolarização das raparigas de 86,5%. Ao passo que nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Norte a escolarização obrigatória para as crianças de seis aos quatorze anos (o Esta<strong>do</strong> dispunha de legislação para<br />

tanto) fora introduzida em 1717; nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Sul, como na Baviera, foi decretada apenas em 1802. O fator<br />

religioso estava na origem dessa diferença. Nos esta<strong>do</strong>s católicos <strong>do</strong> Sul, a educação é, sobretu<strong>do</strong>, ainda no século<br />

XIII, reservada aos rapazes.Os anos passa<strong>do</strong>s no convento não ofereciam mais às “raparigas” <strong>do</strong> que a aprendizagem<br />

das orações e das ditas tarefas meninas. Se a Alemanha vivera no século XIX um verdadeiro fenômeno da leitura,<br />

também teria uma passagem para o ato de escrever. Não que não existisse até então o texto escrito por mulheres, mas<br />

89

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!