unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

olhar sobre a força das resistências e a maneira de contorná-las ou de subvertê-las.
Como assinala Michelle Perrot, “as frentes de lutas das mulheres, suas tentativas de
atravessar os limiares muitas vezes provocam a violenta reação dos homens”. 166
2.2.1 O Poder das Mulheres no Século XIX
A natureza e a extensão do poder das mulheres na civilização Ocidental tem
dividido antropólogos e historiadores nas últimas décadas: se, por um lado, a mulher
aparece como sexo frágil, num discurso que a toma do lugar da opressão e da
submissão ao poder masculino, como uma simples dona de casa, insignificante,
humilhada, oprimida, por outro, observa Michele Perrot 167 , as pesquisas feministas,
“em sua vontade de superar o discurso miserabilista da opressão, de subverter o ponto
de vista da dominação”, procuram mostrar “a presença, a ação das mulheres, a
plenitude dos seus papéis, e mesmo a coerência de sua ‘cultura’ e a existência dos
seus poderes” 168 , numa tentativa de inverter as perspectivas historiográficas
tradicionais, procedendo à inversão e subversão dos pólos. Ambos os enfoques se
mostram perigosos, alerta a autora.
Uma das dificuldades que se apresenta para uma investigação sobre o real
poder das mulheres na família, na sociedade, na economia e na política, reside no
166 PERROT, Michelle. Mulheres públicas. Trad. Roberto Leal Ferreira. São Paulo: UNESP, 1998, p. 91.
167 PERROT, Michelle. Os excluídos da história. Operários, mulheres e prisioneiros. Trad. Denise Bottmann. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 169.
168 Idem, p. 170.
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