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unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

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Isabel Fortes assinala que a substituição da mãe pelo pai, no caso da menina,<br />

não se efetiva completamente, sen<strong>do</strong> a mãe seu primeiro objeto de amor. Como a<br />

criança, a partir da entrada de um terceiro percebe que a mãe não é o falo, nem pode<br />

outorgar-lhe o que falta, a menina dirige-se com as mesmas “tintas coloridas” de amor à<br />

figura paterna. Porém o pai também não pode outorga-lhe o falo em forma de filho.<br />

Esse impasse e frustração e castração leva a menina ficar “presa” ao objeto materno,<br />

mesmo que isso significa o risco de um devoramento ou aniquilamento.<br />

Para a autora, trata-se de uma “ligação viscosa e ambivalente, feita de amor e<br />

ódio. Um amor intenso se transforma em ódio projeta<strong>do</strong> sobre a mãe, o que leva à<br />

formação de um fantasma de assassino”. 228 Assim, o fantasma da mãe devora<strong>do</strong> vem<br />

como projeção <strong>do</strong> ódio a essa dirigi<strong>do</strong>, mas também representa o me<strong>do</strong> de fundir-se e<br />

perder-se com essa em uma união indissolúvel, um gozo total, que seria equivalente à<br />

própria morte.<br />

Trata-se de uma indiferenciação entre o corpo da mãe e da filha, de uma<br />

“ligação simbiótica”, ou seja, não há traço psíquico que as diferencia, isso coloca a filha<br />

numa posição ambivalente, pois, por um la<strong>do</strong> tem o amparo e, por outro, a “oposição”.<br />

O ódio seria a matéria-prima dessa força avassala<strong>do</strong>ra entre a menina e sua mãe, essa<br />

força de <strong>do</strong>is fazerem um. Isso significa loucura, perversão ou psicose. Essa<br />

insuportabilidade ou abismo na qual um sujeito é draga<strong>do</strong> ou devora<strong>do</strong> pela falta de<br />

uma completa separação simbólica cria esse esta<strong>do</strong> de ambivalência.<br />

228 In: KUPERMANN; ROLLEMBERG. Op. cit., p. 58.<br />

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