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unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

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nem nos padrões da <strong>do</strong>mesticidade, da vassalidade ou <strong>do</strong> ascetismo, é antes “uma arte<br />

<strong>do</strong> corpo humano, que visa não unicamente as suas habilidades, nem tão pouco<br />

aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o<br />

torna tanto mais obediente quanto mais útil, e inversamente”. 42 O corpo humano,<br />

continua o autor, “entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o<br />

recompõe” 43 . A disciplina fabrica corpos submissos, exercita<strong>do</strong>s, “dóceis’“, aumentan<strong>do</strong><br />

a sua força (em termos econômicos de utilidade) e diminuem essas mesmas forças (em<br />

termos políticos de obediência).<br />

Ainda conforme Michel Foucault 44 , durante o século XVIII, dentro e fora <strong>do</strong><br />

sistema judiciá<strong>rio</strong>, forma-se uma nova estratégia para o exercício <strong>do</strong> poder de castigar,<br />

configuran<strong>do</strong> um movimento de reação contra o poder <strong>do</strong> soberano e a prática <strong>do</strong><br />

suplício como meio de punição. Seria também uma reação às ilegalidades toleradas<br />

durante o Antigo Regime 45 no inte<strong>rio</strong>r de cada estrato social. Significou o nascimento de<br />

uma nova política contra tais ilegalidades, ten<strong>do</strong> como principal fim a defesa <strong>do</strong>s<br />

interesses da emergente classe burguesa que, na mesma esteira <strong>do</strong>s diretos civis,<br />

buscava assegurar pelo viés <strong>do</strong> Direito Penal o seu direito de propriedade.<br />

42 Idem, p. 119.<br />

43 Idem, ibidem.<br />

44 Idem, p. 66-70.<br />

45 Com o fim <strong>do</strong> Antigo Regime pela Revolução Francesa (1789 a 1799), o processo revolucioná<strong>rio</strong> vive três fases:<br />

(1) A fase da Assembléia Nacional (1789-1792) sob o <strong>do</strong>mínio da alta burguesia, instituin<strong>do</strong> o Novo Regime,<br />

(Constituição de 1791), notabiliza<strong>do</strong> pela monarquia constitucional e pela garantia da propriedade privada; (2) A<br />

fase da Convenção Nacional (1792-1795), que marca o término da monarquia e a proclamação da república, em<br />

setembro de 1792 <strong>–</strong> ten<strong>do</strong> por destaque o conflito entre girondinos e jacobinos; (3) A fase <strong>do</strong> Diretó<strong>rio</strong> (1795-1799),<br />

instituin<strong>do</strong> no coman<strong>do</strong> da alta burguesia que anulou as conquistas populares para viabilizar um governo liberal. No<br />

entanto, essa nova ordem sofreu internamente a oposição jacobina e, externamente, os ataques das potências<br />

absolutistas européias. Com a Constituição de 13 de dezembro de 1799, que institui uma nova ordem jurídica e<br />

marca início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> napolênico, se encerra o ciclo revolucioná<strong>rio</strong> inicia<strong>do</strong> em 1789. A construção da base da<br />

nova sociedade completa-se com a promulgação <strong>do</strong> Código Napoleônico em 1804. In: SIEYÈS, Emmanuel Joseph.<br />

A constituinte burguesa <strong>–</strong> Q’est-ce que lê tiers état? Trad. Norma Azere<strong>do</strong>. Rio de Janeiro: Líber, 1986, p. 20-30.<br />

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