unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...

a sua força coercitiva somente depois de ter vivido o seu fim, quando os homens nem
mesmo se revelam contra ela.
Os conceitos de Richard Sennett e Hannah Arendt se aplicados à sociedade do
século XXI possibilitam ver além do que pode ser apreendido empiricamente. Levam a
perceber como certos conceitos, pela sua dimensão simbólica, são incorporados com
naturalidade à vida cotidiana dos indivíduos. E quando tomados como objeto de análise
a práxis e o discurso do sistema penal, na sua relação com a mulher, o poder das
“categorias cediças”, referidas por Hannah Arendt, “fundam uma matriz discursiva em
grande medida imutável, linear, funcional, conservadora, que serve de sustentáculo e
de horizonte ao conjunto de crenças e representações que tem o poder judiciário do
papel da mulher no mundo”. 158
Na seqüência deste estudo, antes de apresentar os saberes filosóficos e
científicos acerca das diferenças anatômicas que fundam espaços e funções, sobre o
discurso jurídico como uma estratégia criadora de gênero, mostrar-se-á um pouco do
lugar ativo das mulheres na história do século XIX, mulheres que se insurgem contra o
determinismo de sua condição natural.
158 SILVA, Iara Ilgenfritz da. Direito ou punição? A sexualidade feminina no direito penal. Porto Alegre:
Movimento, 1985, p. 35.
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