unijuí – universidade regional do noroeste do estado do rio grande ...
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2.2 Representações 159 da Mulher na História: Contradições<br />
Logo que a criança nasce, ou até mesmo desde a sua concepção, lhe é dada a<br />
marca da diferenciação sexual, como parte de sua inscrição no discurso da cultura, o<br />
qual se apresenta como um discurso de autoridade, ou um discurso que toma a<br />
posição de verdade. A definição de ser menino ou menina, homem ou mulher, indica<br />
muito mais <strong>do</strong> que uma diferença anatômica ou biológica: a pertinência a um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />
grupos identitá<strong>rio</strong>s vem carregada de significações que dizem das expectativas<br />
parentais, da cultura, das relações de poder e da sua inserção no processo produtivo.<br />
Falar de gênero, conforme já aludi<strong>do</strong>, é falar a partir de um mo<strong>do</strong> particular de<br />
ser no mun<strong>do</strong>: funda<strong>do</strong>, de um la<strong>do</strong>, no caráter biológico de cada ser, e, de outro, no<br />
fato da cultura, da história, da sociedade, da ideologia, da religião desse caráter<br />
biológico. 160 É assim que cada fase da civilização humana constrói suas relações de<br />
gênero.<br />
Durante quase um milhão e meio de anos 161 , a humanidade viveu relações de<br />
harmonia com a natureza. Eram organizações sociais caracterizadas pela produção<br />
159 A representação é um fenômeno social psicossocial fundamentalmente condicionada às circunstâncias globais<br />
onde ela se dá. Ela inclui uma rede de relações que o indivíduo e os grupos estabelecem entre significa<strong>do</strong>s e<br />
situações que lhes interessam para a sua sobrevivência ou sua hegemonia e/ou reprodução da situação. A<br />
representação surge <strong>do</strong> real, porém inclui a postura, os interesses, a situação social e/ou de classe, a perspectiva<br />
histórica de quem a constrói, retocan<strong>do</strong>, modifican<strong>do</strong>. A representação faz com que o mun<strong>do</strong> seja o que se pensa que<br />
seja ou deva ser. In: REDIN, Euclides. Se der tempo a gente brinca. Cadernos Educação Infantil. Porto Alegre:<br />
Mediação, 2000.<br />
160 MURARO, Rose Marie; BOFF, Leonar<strong>do</strong>. Feminino e masculino. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.<br />
161 Segun<strong>do</strong> a pesquisa<strong>do</strong>ra alemã Heide Göttner-Abendroth, Das Matriarchat I e II , a cultura matriarcal teve seu<br />
início cerca de 10.000 a. C. Nessas sociedades, as mulheres, associadas às <strong>grande</strong>s deusas, eram responsáveis pela<br />
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